Para tanto, num artigo de opinião, relata um conjunto de casos concretos para demonstrar que o desempenho desta actividade acarreta determinadas adversidades que fazem com que a profissão não possa ser comparada com os restantes e normais ofícios dos portugueses.
Devo dizer que, na globalidade, concordo com os argumentos e, portanto, com o artigo.
Não posso, no entanto, deixar de acentuar uma certa ironia que está implícita a tudo isto. Vejamos:
Nestes últimos dois anos os nossos governantes tem sido pródigos a anunciar medidas que, dizem, visam acabar com os privilégios de determinadas profissões: médicos, juízes, advogados, professores...
Para que obtenham o estratégico apoio popular tratam de comparar os ditos privilégios com outras profissões visando, assim, o nivelamento, por baixo, das condições de vida dos portugueses.
Obviamente que para isso – e porque muitos dos fundamentos apresentados não são mais do que um conjunto de argumentos demagógicos e medíocres – contam com uma Comunicação Social colaborante. É, por um lado, a chuva de elogios imediatamente derramados pelo exército de Fazedores de Opinião. Mas é, também, a actuação de muitos jornalistas que preferem deixar-se convencer comodamente pelas explicações oficiais, não demonstrando grande interesse nem motivação para apresentar uma informação objectiva, abrangente e bem fundamentada.
Ora, à semelhança dos jornalistas, também outras profissões têm determinadas especificidades que devem ser compensadas com algumas regalias concretas. Por exemplo, as elevadas responsabilidades inerentes ao desempenho de médicos, juízes, etc são, em regra, compensadas com um certo conforto remuneratório e um conjunto de regalias específicas.
O desgaste físico e psicológico, as situações de agressividade física e verbal, as ofensas de alunos e (muitas vezes) pais com que os professores são confrontados sistematicamente são contrabalançados com uma relativa flexibilidade de horário e condições de reforma particulares (eram!).
Por isso, também, às condições de stress, perigo físico, etc. a que alguns jornalistas são expostos na sua actividade, deve corresponder um estatuto próprio com condições específicas e adequadas.
Em suma, tal como os jornalistas, há sectores que comportam determinadas especificidades e contrariedades as quais devem, ou deveriam, justificar um tratamento específico.
Ora bem, até agora a imprensa tem correspondido à vontade governativa de "iluminar" os privilégios dessas profissões deixando no escuro as suas adversidades. Pedro Coelho optou por "iluminar" as adversidades, deixando no escuro as suas vantagens.
Compreende-se!
No entanto, apetece citar a frase-feita utilizada por muitos comentadores: "todos concordam com as medidas de contenção desde que estas não os atinjam a si".
Não sou eu que digo – repito – é a comunicação social.
Devo dizer que, na globalidade, concordo com os argumentos e, portanto, com o artigo.
Não posso, no entanto, deixar de acentuar uma certa ironia que está implícita a tudo isto. Vejamos:
Nestes últimos dois anos os nossos governantes tem sido pródigos a anunciar medidas que, dizem, visam acabar com os privilégios de determinadas profissões: médicos, juízes, advogados, professores...
Para que obtenham o estratégico apoio popular tratam de comparar os ditos privilégios com outras profissões visando, assim, o nivelamento, por baixo, das condições de vida dos portugueses.
Obviamente que para isso – e porque muitos dos fundamentos apresentados não são mais do que um conjunto de argumentos demagógicos e medíocres – contam com uma Comunicação Social colaborante. É, por um lado, a chuva de elogios imediatamente derramados pelo exército de Fazedores de Opinião. Mas é, também, a actuação de muitos jornalistas que preferem deixar-se convencer comodamente pelas explicações oficiais, não demonstrando grande interesse nem motivação para apresentar uma informação objectiva, abrangente e bem fundamentada.
Ora, à semelhança dos jornalistas, também outras profissões têm determinadas especificidades que devem ser compensadas com algumas regalias concretas. Por exemplo, as elevadas responsabilidades inerentes ao desempenho de médicos, juízes, etc são, em regra, compensadas com um certo conforto remuneratório e um conjunto de regalias específicas.
O desgaste físico e psicológico, as situações de agressividade física e verbal, as ofensas de alunos e (muitas vezes) pais com que os professores são confrontados sistematicamente são contrabalançados com uma relativa flexibilidade de horário e condições de reforma particulares (eram!).
Por isso, também, às condições de stress, perigo físico, etc. a que alguns jornalistas são expostos na sua actividade, deve corresponder um estatuto próprio com condições específicas e adequadas.
Em suma, tal como os jornalistas, há sectores que comportam determinadas especificidades e contrariedades as quais devem, ou deveriam, justificar um tratamento específico.
Ora bem, até agora a imprensa tem correspondido à vontade governativa de "iluminar" os privilégios dessas profissões deixando no escuro as suas adversidades. Pedro Coelho optou por "iluminar" as adversidades, deixando no escuro as suas vantagens.
Compreende-se!
No entanto, apetece citar a frase-feita utilizada por muitos comentadores: "todos concordam com as medidas de contenção desde que estas não os atinjam a si".
Não sou eu que digo – repito – é a comunicação social.