domingo, outubro 15, 2006

O Presidente que não quer causar problemas

Dois dias na inclusão na área metropolitana de Lisboa em que Cavaco Silva mostrou ‘os bons exemplos’ da solidariedade social, explicando que esse é o papel de quem assume não ter vocação para ser força de bloqueio.
Expresso, 14/10/2006

Esta semana de “Presidência Aberta” de Cavaco serviu para mostrar assumidamente o lado mais positivo de Portugal, no caso, da Área Metropolitana de Lisboa. Negou-se propositadamente a possibilidade de se falar dos aspectos eventualmente negativos. Nada de ser uma força de bloqueio numa clara alusão às Presidências Abertas de Mário Soares.
No entanto, tenho para mim que querer unicamente passar a mensagem de um Portugal Positivo é moral e politicamente tão censurável como fazer crer que há só um Portugal Negativo.
Se Cavaco quisesse ser um Presidente politicamente honesto optava por uma de duas hipóteses: ou se deixava ficar quieto no conforto do Palácio de Belém ou, a sair, mostrava o Portugal Real. Não apenas uma vertente de Portugal. Não apenas o Portugal optimista naquilo que até parecia ser uma estratégia concertada com Manuel Pinho e o seu fim de crise .
Bom, mas o que realmente acho mais fascinante é esta sintonia Cavaco–Sócrates com o Presidente verdadeiramente ao serviço do Primeiro-Ministro. Só não digo que parecia o ministro da propaganda porque ele não é ministro... é Presidente.

(Agora, verdade seja dita: nisto Sócrates acertou! É que dificilmente Soares ou Alegre se prestariam a fazer este papel).

1 comentário:

Anónimo disse...

...não só acertou como fez tudo para que isso acontecesse! é óbvio que só esta 'dupla' lhe interessava.
;-)