sexta-feira, dezembro 08, 2006

Os privilégios dos jornalistas

O jornalista Pedro Coelho vem dar voz à indignação que atravessa o meio jornalístico por causa das recentes medidas que atingem a classe.
Para tanto, num artigo de opinião, relata um conjunto de casos concretos para demonstrar que o desempenho desta actividade acarreta determinadas adversidades que fazem com que a profissão não possa ser comparada com os restantes e normais ofícios dos portugueses.
Devo dizer que, na globalidade, concordo com os argumentos e, portanto, com o artigo.
Não posso, no entanto, deixar de acentuar uma certa ironia que está implícita a tudo isto. Vejamos:
Nestes últimos dois anos os nossos governantes tem sido pródigos a anunciar medidas que, dizem, visam acabar com os privilégios de determinadas profissões: médicos, juízes, advogados, professores...
Para que obtenham o estratégico apoio popular tratam de comparar os ditos privilégios com outras profissões visando, assim, o nivelamento, por baixo, das condições de vida dos portugueses.
Obviamente que para isso – e porque muitos dos fundamentos apresentados não são mais do que um conjunto de argumentos demagógicos e medíocres – contam com uma Comunicação Social colaborante. É, por um lado, a chuva de elogios imediatamente derramados pelo exército de Fazedores de Opinião. Mas é, também, a actuação de muitos jornalistas que preferem deixar-se convencer comodamente pelas explicações oficiais, não demonstrando grande interesse nem motivação para apresentar uma informação objectiva, abrangente e bem fundamentada.

Ora, à semelhança dos jornalistas, também outras profissões têm determinadas especificidades que devem ser compensadas com algumas regalias concretas. Por exemplo, as elevadas responsabilidades inerentes ao desempenho de médicos, juízes, etc são, em regra, compensadas com um certo conforto remuneratório e um conjunto de regalias específicas.
O desgaste físico e psicológico, as situações de agressividade física e verbal, as ofensas de alunos e (muitas vezes) pais com que os professores são confrontados sistematicamente são contrabalançados com uma relativa flexibilidade de horário e condições de reforma particulares (eram!).

Por isso, também, às condições de stress, perigo físico, etc. a que alguns jornalistas são expostos na sua actividade, deve corresponder um estatuto próprio com condições específicas e adequadas.

Em suma, tal como os jornalistas, há sectores que comportam determinadas especificidades e contrariedades as quais devem, ou deveriam, justificar um tratamento específico.
Ora bem, até agora a imprensa tem correspondido à vontade governativa de "iluminar" os privilégios dessas profissões deixando no escuro as suas adversidades. Pedro Coelho optou por "iluminar" as adversidades, deixando no escuro as suas vantagens.
Compreende-se!

No entanto, apetece citar a frase-feita utilizada por muitos comentadores: "todos concordam com as medidas de contenção desde que estas não os atinjam a si".

Não sou eu que digo – repito – é a comunicação social.

Posso?

Hoje é feriado.
Por isso, apetece-me passear com a família na baixa da cidade.
Porém, também eu estou descontent com o rumo político que o país está a levar.
Por isso pergunto: a quem devo eu pedir autorização para efectuar o dito passeio?
Ao Governador Civil?
Ao Presidente da Câmara?
À Ministra da Educação?
Ao Chefe do Estado maior das Forças Armadas?

sábado, dezembro 02, 2006

E que penas

Também eu, por volta dos meus dez anos, tive um animal de estimação.
Não era cão nem gato como a generalidade dos miúdos. Muito menos um peixe que é coisa de rico.

Nessa altura vivia numa verdadeira quinta rural no meio de uma aldeia rural. Por isso, o meu animal só podia ser, também ele, rural!
Um pato!
Nem mais nem menos, um pato.
Branco.
Nem tinha nome. Era só Pato, como o Octávio.
(às vezes marreco, de alcunha!)
Era uma animal generoso, para Pato!
Fazia de cada dia uma festa. Sempre bem disposto. Brindava-me todas as manhãs com um leve mordiscar de pernas numa brincadeira de morde-e-foge. Só não se deixava agarrar como que querendo manter sempre a sua liberdade.
Ia-me esperar todas as tardes mais ou menos a meio do caminho quando eu chegava da escola. A carreira (nome que se dava ao autocarro escolar, também conhecido por camioneta tal era o desconforto) deixava-nos, a mim e à restante canalhada da minha idade, junto à loja da Sr.ª Berta. O resto do caminho até casa era a pé. Pois bem, antes de fazermos a última subida da calçada, lá vinha o animal muito maluco de asas abertas e uma nuvem de pó atrás como os cowboys do filmes americanos.
Depois dos cumprimentos iniciais, através das tais mordiscadelas, acompanhava-nos ao nosso lado procurando integrar os seus quá-quás no contexto da nossa conversa... como se fizesse questão de participar e dar a sua opinião.
Era um bicho versátil. Fazia um pouco de tudo... embora mal feito. Explico melhor: sabia caminhar nadar e voar, proeza que não é para todos. No entanto, qualquer uma destas três dimensões eram praticadas sem grande eficiência nem elegância. Às vezes parecia um daqueles brinquedos made in China, um bocado desarticulados mal construídos. Mas era o meu Pato!
Uma dia – sei que era Sábado, como hoje – acordei e lá estava o Pato, junto ao tanque da quinta. Parecia que me estava a sorrir como que a dar os bons dias... mas, reparei que lhe faltava qualquer coisa. Para ser mais exacto, faltava-lhe o corpo. Só ali estava a cabeça.
Demorei um pouco até que percebi que nesse dia havia arroz de pato para o almoço.

Isto passou-se tinha eu os meus dez anitos!
Ainda hoje não como arroz de pato.
Ainda hoje não me consigo afeiçoar a animais.
Ainda hoje não percebo porque é que me mataram o Pato!

FDS

Bom fim-de-semana!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Mínimas

Prefira genéricos. Compre as suas Lacostes na Feira de Carcavelos.


Era um Partido tão pequeno que não tinha militantes... tinha mil e tantos.


- Eva, há outro homem não há?
- Por enquanto, não!


dos Pensamentos do Dalai Lima, por Jorge Lima

Semibreves



Como conquistar e perder uma mulher em apenas três segundos:
«Estás tão bonita que nem pareces tu!»



Uma stripper deve usar roupas que lhe caiam bem.



Neste País, uma greve de fome dura até o grevista ter fome.


dos Pensamentos do Dalai Lima, de Jorge Lima

segunda-feira, novembro 13, 2006

Breves...



A relação entre Presidentes de Câmara e empreiteiros é muito... edificante!


Médico disléxico para a enfermeira: «Quer vir para a maca comigo?»


Era um poeta tão mau que não escrevia estrofes... só catastrofes




dos Pensamentos do Dalai Lima de Jorge Lima

sábado, novembro 11, 2006

Santarém

O congresso do PS em Santarém tem, pelo menos, a virtude de ser o Congresso da Verdade, na medida em que este se assume agora verdadeiramente, e sem preconceitos, como um partido de Direita.
E isto não é coisa de menor importância se se tiver em conta que, falar verdade, não é prática habitual neste novo PS Moderno.
(É evidente que ainda faltam 2 anos para as próximas legislativas, prazo que dá alguma margem de manobra para se cometerem estas extravagâncias).
Claro que este Compromisso para o século XXI, ou melhor, este Casamento com a direita não se concretizou aqui em Santarém. Aqui foi só a Cerimónia... o simbólico. O Casamento Civil, propriamente dito, ocorreu há mais tempo com a derrota presidencial que Sócrates conseguiu infligir a Soares. Aí, sim, enterrou-se definitivamente o PS, a sua História e o seu Património.
Em Santarém foram os Símbolos: o Punho, a Rosa, o Vermelho (o cravo já tinha ido no 25 de Abril).
E em Santarém porque foi a melhor forma que Sócrates encontrou para entregar simbolicamente à origem (a Santarém e a Salgueiro Maia) o Património que restava e que o PS ainda guardava relativo ao 25 de Abril.
Em Santarém, este novo PS Moderno quis mostrar às grandes forças económicas que dirigem os nossos destinos, que cortava com o seu passado... com a vertente Humanista. Enfim, que aceitava as novas regras do jogo.
É obviamente uma opção estratégica. Uma opção que lhe garantirá, como tem acontecido, o apoio generalizado dos accionistas da Comunicação Social, (o que, convenhamos, não é coisa de pouca monta). Com isso assegura mais uns tempos de Poder Tranquilo à frente do País.
O País também ganha qualquer coisa porque é sempre positivo quando, em política, se fala verdade.
Mas estou em crer que perde mais do que ganha. Esta "triplicação" de partidos à Direita (que se atropelam à procura de clientes tipo concorrência entre hipermercados) sem garantir uma efectiva representatividade ao nível do Centro-Esquerda cria um preocupante Défice na Democracia. E, para falar francamente, preocupa-me mais este Défice da Representatividade do que o Défice da Comunidade.

domingo, novembro 05, 2006

homem PEQUENO!


Alguns meses após condicionar a atribuição de subsídios à obrigatoriedade de as entidades financiadas se absterem de criticar o município, o líder da maioria PSD/CDS-PP decidiu acabar com os subsídios...

in Público, 5 de Novembro de 2006



Eis o que acontece quando um pequeno troglodita mal formado e vingativo acede ao poder.

Olho por olho...


... criminoso por criminosos...
(Parbéns senhor Bush, o seu tribunal não o deixou ficar mal)

Eis o novo Iraque "civilizado".
Descubra as diferenças!

sábado, novembro 04, 2006

Marimbar



De facto, nada justifica (nem a falta de tempo) este «Marimbar» para o meu espaço virtual. Vamos lá ser mais responsável!
E por falar em «Marimbar»... eis o «Marimbador-mor»!

terça-feira, outubro 17, 2006

EDP

A electricidade vai aumentar quase 16%. Isto vem na sequência da abertura do sector à iniciativa privada estratégia que, dizia-se, iria estimular a concorrência com óbvios benefícios para o consumidor.
(Mais ou menos o que aconteceu com a liberalização dos combustíveis).
O que se passa é que a partir de agora os preços devem começar a reflectir os custos de produção, os “custos políticos” (seja lá o que isso signifique) e os custos com as energias renováveis.
Uma coisa ficámos a saber: a EDP andou este tempo todo a vender o seu produto abaixo do preço de produção. Ou seja, andou supostamente a ter prejuízo. O que eu não consigo compreender é como é que mesmo assim ainda conseguiu quadruplicar os lucros em 2005 face a 2004!
Há coisas fantásticas não há?

segunda-feira, outubro 16, 2006

Contradições

Defende, o Ministério da Educação, que deve existir diferenciação na carreira docente de modo a que só os melhores professores cheguem ao topo. No entanto, a actual proposta de ECD vai precisamente em sentido contrário. Ao introduzirem quotas de acesso à categoria de “Professor Titular” significa que, tal como as coisas estão, um professor «Excelente» acaba por estacionar em determinada categoria juntamente com o professor «Bom» e até mesmo com o «Regular». Com esta proposta, uma coisa os professores têm como certa: tanto faz saltar como correr (que é como quem diz, tanto faz ser um bom profissional como não) que o resultado final será sempre o mesmo.
Na verdade é intrinsecamente contraditório defender-se, por um lado uma avaliação baseada no mérito e, simultaneamente, quotas limitadoras da progressão.

Assim como não é correcto estabelecerem-se, como se tem defendido ultimamente, comparações com outras profissões.
...que os Juízes também não chegam todos ao topo. Nem os Médicos... nem os Militares.
Bom, os Juízes têm casa paga onde quer que sejam colocados. Os professores, não.
Os médicos podem, em regra, fazer acumulações no sistema privado e só excepcionalmente é que optam pela exclusividade (recebendo as respectivas contrapartidas). Os professores estão em regra impedidos de acumular actividades privadas e apenas muito excepcionalmente podem fazer um pequeno complemento por fora.
Os militares têm uma messe... têm outras regalias. Os professores, não!
Ainda assim, a questão não está nas condições profissionais de cada uma destas categorias e as respectivas regalias a que, merecidamente ou não, têm direito. A questão é que não se podem comparar coisas que não são comparáveis. Não se podem comparar Professores a Juízes... nem a Médicos... nem a Militares. Não é honesto. E o senhor Primeiro-Ministro sabe isso. Lamentavelmente a honestidade política não parece fazer parte das suas preocupações.

Nota: esta semana espero ter mais tempo para o Blog. É que até ver, estou de greve!

domingo, outubro 15, 2006

O Presidente que não quer causar problemas

Dois dias na inclusão na área metropolitana de Lisboa em que Cavaco Silva mostrou ‘os bons exemplos’ da solidariedade social, explicando que esse é o papel de quem assume não ter vocação para ser força de bloqueio.
Expresso, 14/10/2006

Esta semana de “Presidência Aberta” de Cavaco serviu para mostrar assumidamente o lado mais positivo de Portugal, no caso, da Área Metropolitana de Lisboa. Negou-se propositadamente a possibilidade de se falar dos aspectos eventualmente negativos. Nada de ser uma força de bloqueio numa clara alusão às Presidências Abertas de Mário Soares.
No entanto, tenho para mim que querer unicamente passar a mensagem de um Portugal Positivo é moral e politicamente tão censurável como fazer crer que há só um Portugal Negativo.
Se Cavaco quisesse ser um Presidente politicamente honesto optava por uma de duas hipóteses: ou se deixava ficar quieto no conforto do Palácio de Belém ou, a sair, mostrava o Portugal Real. Não apenas uma vertente de Portugal. Não apenas o Portugal optimista naquilo que até parecia ser uma estratégia concertada com Manuel Pinho e o seu fim de crise .
Bom, mas o que realmente acho mais fascinante é esta sintonia Cavaco–Sócrates com o Presidente verdadeiramente ao serviço do Primeiro-Ministro. Só não digo que parecia o ministro da propaganda porque ele não é ministro... é Presidente.

(Agora, verdade seja dita: nisto Sócrates acertou! É que dificilmente Soares ou Alegre se prestariam a fazer este papel).

sexta-feira, outubro 13, 2006

A dança das cadeiras


Parece que o PS – Coimbra está a ferro e fogo porque alguém resolveu mudar (outra vez em três meses) o Director-Regional de Educação do Centro sem consultar o partido.
Mas sim, consultou! grita Vítor Batista,
Não consultou nada... berra Luís Vilar
Consultou!
Não consultou!

Andam nisto.
E é triste, quer-me parecer.
É triste porque o partido, tem tido mais do que motivos para vir à rua bradar aos céus.
É que, de uma forma geral – e com pequenas excepções que apenas confirmam a regra – toda a política da senhora ministra tem sido uma ofensa à ideologia, aos princípios e valores socialistas.
Um exemplo, é todo este processo que está em curso de «elitização» do ensino estabelecendo escolas especiais para os mais favorecidos ao mesmo tempo que se trata de massificar (niveladas por baixo) as restantes para povo.
Pois bem, perante isto temos o PS... mudo.
Agora quando a coisa cheira a tacho... à dança das cadeiras... aí, ai que d’El Rei que a coisa fia fino.

É triste, repito. Cada vez mais fico sem saber se estou a olhar para o PS se para o PSD.


PS: Roubei a (magnífica) imagem ao meu amigo raindog sem lhe pedir autorização... espero que me perdoe!

quarta-feira, outubro 11, 2006

sexta-feira, outubro 06, 2006

Guedes


Ontem, Luís Nobre Guedes deu uma notável entrevista a Judite de Sousa. Ideias aparentemente claras e precisas aliadas a uma enorme facilidade de comunicação.
No entanto, destaco apenas dois momentos: um, quando sugeriu que o PP deveria apresentar um orçamento alternativo ao do governo ainda que com medidas impopulares; o outro quando traçou um rasgado elogio ao governo.
O primeiro, o orçamento impopular, significa que os políticos da nova geração (Sócrates incluído) começam a perceber e aplicar a Estratégia-Cavaco. Uma estratégia que nitidamente se inspirou no “ditote popularucho” do «quanto mais me bates mais gosto de ti». Ou seja, perceberam que os Portugueses admiram aqueles que os maltratam.
(Afinal, é algo que facilmente se explica através da SMSS: Síndrome de Meio Século de Salazarismo).

O outro, o elogio, significa que coerentemente se juntou a tantas outras personalidades da direita que, também coerentemente, vêm manifestar público agradecimento, reconhecimento e apoio ao governo.

Eu só pergunto: estes elogios, não deveriam estar a deixar os socialistas preocupados?

quinta-feira, outubro 05, 2006

5 de Outubro


Hoje é feriado. Dia da República! De tempos a tempos ouvimos uns quantos fazedores de opinião argumentar que temos feriados a mais... que produzimos pouco... que os outros europeus não têm tantos feriados... que com tanto feriado sai ferida a nossa competitividade.
(é verdade que esta campanha anti-feriados surge sempre ali para os lados do 25 de Abril como que a apalpar o terreno... como que a ver se já há condições para...)
Pois bem, aqui estou eu para dar a minha contribuição! Por mim, se quiserem tirar algum feriado do nosso calendário, que seja este. O Dia da República.
Pelo menos até 2016 (se é que me faço entender!)

sexta-feira, setembro 22, 2006

Beatos (ou boatos?)

Não sei quantos patrões (agora diz-se empresários) juntaram-se ontem no Beato acompanhados de alguns dos seus mais fieis empregados (agora diz-se Economistas) para fazerem um conjunto de reivindicações ao governo.
Em resumo querem mais 200 mil desempregados, querem umas quantas empresas do Estado, querem também as reformas dos Portugueses e a redução do IRC.
A fórmula utilizada foi a mesma de sempre: arrancar a discussão a partir de um conjunto de premissas que se consideram indiscutíveis e inquestionáveis (dogmas tipo «o privado faz melhor do que o Público»(!!!) e coisas do género) ao que se juntou uma argumentação habilidosa e astuta (embora este ano com algumas falhas ao nível da coerência argumentativa).
Nada mais válido e legítimo.
É natural que os Patrões (perdão, empresários) queiram desemprego pois, quanto mais desemprego, menor o preço da mão de obra no mercado de trabalho (lei da oferta e da procura). É natural que queiram deitar a mão a empresas do Estado... pelo menos àquelas que são susceptíveis de darem lucro (nem que isso signifique, a médio e longo prazo, um elevado preço para a sociedade). Quanto a Reformas... está tudo dito. Relativamente ao IRC... pois,... ninguém gosta de pagar impostos.
Ou seja, nada de novo. Juntaram-se para reivindicar um conjunto de interesses que são os seus.

No entanto, achei curioso o tratamento jornalístico que foi dado ao assunto. Principalmente nos telejornais. Reparei que aquelas conclusões foram apresentadas, como se fizessem parte de um estudo objectivo e independente.
Vejamos: perante um encontro de sindicalistas e trabalhadores, não espero que a televisão me dê as suas conclusões como se fossem independentes (na verdade, neste caso já nem espero que a televisão me dê coisa nenhuma porque o assunto seria certamente excluído pelo «critério jornalístico»). Então porque é que quando são os patrões (e os seus economistas de serviço) o critério é outro?
Será que foi pela presença (na qualidade de dinamizador) do mentor intelectual (e político) do Presidente da República?

Hummm!

sexta-feira, setembro 15, 2006

:-)


As coisas no PP continuam instáveis. Ribeiro & Castro continua assustado. Está a ver que todos à sua volta - própria sombra incluída - lhe querem roubar a liderança do partido.
E tem razões para isso. Se um dia Sócrates acorda com um ataque de honestidade política e intelectual, é bem capaz de se candidatar ao cargo!

A Vida em Directo.

E pronto. Já passou mais um 11 de setembro.
Como tudo o resto, passou à estonteante velocidade com que se projectam os factos da vida na tela da realidade mediática.
Como tudo, também, foi-se obrigado a substituiu o pesar, meditação, ponderação e reflexão pela actualidade definida a partir da objectividade do (chamado) critério jornalístico. É ele que determina se nós (todos nós), devemos, em dado momento, andar sérios ou eufóricos; tristes ou alegres; indignados ou conformados. Na prática, a nossa vida, a nossa vontade, sentimentos, opiniões, mais não são do que o reflexo deste critério jornalístico.
É a vida em directo!

Um exemplo disso foi precisamente a entrevista, na SIC Notícias, dada pela Ministra da Educação a Mário Crespo no Jornal das 9 de quarta-feira. A admiração, o encanto, a empatia do entrevistador pela entrevistada foram de tal forma ostensivos que se a entrevista tivesse durado mais uns minutinhos teríamos certamente assistido, em directo, ao início de uma das mais belas história de amor.
E nem se argumente que a objectividade jornalística sairia afectada em detrimento de tão carinhoso momento. É que a objectividade jornalística nunca existiu em tal entrevista.

segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro (3)



O 11 de Setembro visto pela Sofia de 8 anos!

11 de Setembro (2)








Foi há 36 anos. Uma memória... dita dura!

domingo, setembro 10, 2006

11 de Setembro (1)

imagem aqui

Foi assim, há 21 anos, que isto aconteceu.

domingo, setembro 03, 2006

Por isso, por essas e por outras... FIFiAs

Não gosto de futebol.

Por isso, e porque não tenho motivação para seguir as suas novelas, não percebo nada de futebol.

Por isso também, isto não tem nada a ver com futebol. Na verdade, no caso Belenenses vs Gil Vicente, não faço a menor ideia sobre quem tem razão.

Por isso, também, só agora percebi que há um regulamento ou qualquer outra coisa que impede que assuntos do futebol possam ir parar aos tribunais «normais».

Por isso, porque o Gil Vicente colocou não-sei-o-quê-ou-quem em Tribunal, vem a FIFA dizer que corremos o risco de ficar todos suspensos.

Por isso, porque a FIFA está com vontade de interferir na soberania de um País (pequeno, é certo, mas para já ainda [e pelo menos formalmente] independente), está o Governo (poder executivo) a preparar-se para interferir numa questão do poder judicial.

Por isso, mas só por isso, digo:
Força Gil, não desistas!

Teimosos!

Ainda em matéria de restauração há sítios que teimam em ser uma referência... um ponto de paragem obrigatório.
E, já que é assim, qual Maria vai com as outras, aí vou eu também abancar. A coisa prometia sair cara mas... dias não são dias.
Como não estava virado para a peixeirada optei por uns Rojões à Regional (ganhou a costela beirã).
O petisco chegou com uma magnífica apresentação... no próprio tacho ainda a fumegar.
Na verdade, nem o cheiro nem a textura viscosa da carne correspondiam ao aspecto mas... isso não quer dizer nada, pensei.
Contudo, foi quando meti o primeiro pedaço na boca que vi que estava preste a viver um momento histórico...
(É normalmente nesta fase do relato que entram os exageros... para o melhor o para o pior: “foi a coisa melhor que já vi...” ou “nunca tinha visto nada tão mau em toda a minha vida...” Enfim exageros.)
Pois bem, sem qualquer tipo de exageros, posso dizer que não me lembro de alguma vez me ter sido apresentado algo tão mau.
A carne, apesar de viajar à boleia da batata e couve no tal tachinho como que a dizer «acabadinho de fazer», mais parecia ter sido «acabadinha de aquecer» no microondas tipo “roupa velha. Do sabor sentia-se apenas que picava. Muito. E não era piri-piri. Não se percebia se era do excesso de sal, se do excesso de tempo passado à minha espera no frigorífico do restaurante. Em suma: intragável.
Como é óbvio, comeu-se a batatinha e a couve (a fome apertava) mas a carnufa foi toda para trás.
- Bom – pensei – quando levarem isto vão perceber e vão perguntar “então, não gostou? A comidinha não estava boa?” e eu vou ter de explicar que estava horrível.
Mas não. Nada! Ou não deram conta, ou já estão habituados a que os Rojões à Regional voltem sempre para trás. Teimosos, estes rojões!

domingo, agosto 27, 2006

Sr. Peixe

As férias acabaram na sexta mas só amanhã é que a coisa começa.
Pelo que, nada melhor para a despedida do que um fim-de-semana na capital. Gosto de Lisboa. Gosto de estar naquela cidade principalmente quando não tenho lá nada para fazer.
Porém, o almoço de hoje surpreendeu-me um pouco. Dois peixinhos grelhados, acompanhados com uma simples Super Bock e um Ice Tea de limão resultaram na brilhante quantia de 46 euros (passaram uns cêntimos mas sem relevância). É verdade que houve duas entradas: quatro pedacinhos de polvo e sete nacos de calamares a que gentilmente chamaram de «salada de polvo» e «salada de calamares», respectivamente. Porém, não houve sobremesas. Foram os dois cafés que anunciaram ao estômago o final do repasto.
Ora o que me surpreendeu - para além da conta é claro - foi o facto de o restaurante estar cheio. À pinha.
E é aqui que, se calhar, tenho de dar a mão à palmatória: é que, provavelmente, a crise não está tão acentuada como me quer parecer. Afinal, pelos vistos, talvez a coisa ainda se leve na boa. Para a próxima peço uma Sagres Chopp em vez da Super Bock.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Fim-de-festa

E pronto. Assim foi!
Acabaram-se hoje.
As férias.

E, no entanto, apesar dos azares (e foram muitos) preferia continuar em férias.
Infelizmente segunda-feira começa novamente o ciclo.
Não digo a rotina porque parece-me que este ano nada será igual. Pelo contrário, tudo será pior. Para todos (ou melhor, quase todos!).
Vou aproveitar o fim-de-semana para fazer o balanço.
Para já, um aspecto bastante positivo foi a opção de, deliberadamente, me alhear da realidade envolvente: televisão, jornais, notícias... tudo.
Acho que vou manter esta opção até onde puder.



PS: Já estou mais ou menos direitinho. Os amigos dizem-me que uma pequena cicatriz ajuda a dar algum charme. Eu costumo dizer que na cabeça dos outros tudo fica bem.
Em todo o caso, obrigado aos que passaram e deixaram as melhoras.

domingo, julho 30, 2006

Contra



Contra a vontade do primeiro-ministro e respectiva ministra da educação...
...aqui estou eu de férias!

Também contra a vontade de alguns sectores mais conservadores da sociedade quando lamentam a democratização das férias com a frase “antigamente não era nada disto...”

Ainda contra a vontade de alguma classe média e média baixa que se recusa a aceitar (para si e principalmente para os outros) algumas regalias básicas...

Contra tudo isto e mais alguma coisa, aqui estou eu de férias. Apesar do preço elevado (acho eu) não deixa de ser uma casinha pequenina, simpática, particular, modesta, com poucas comodidades, enfim...

Contra o chão, directamente de cabeça, foi o que me aconteceu porque a casinha pequenina, de tão particular que é, não reúne as condições mínimas de segurança. Não... não os vou processar. Não me perguntem porquê mas não vou e pronto.

Conclusão: contra a vontade de tanta coisa... a coisa tinha de dar para o torto.
E aqui estou eu de mau humor, férias estragadas e cicatriz na testa em forma de logótipo tipo: “Algarve 06: atire-se de cabeça” ou então “Marcante!...

...Pois!

sexta-feira, julho 14, 2006

De graça não tem graça! Que desgraça!


Hoje foi o espectáculo de final de ano do infantário da minha filha.
O primeiro foi no Natal. E tal como no Natal, também hoje a entrada custava 5 euros.
Tal como no Natal, também hoje não assisti. Para grande mágoa minha, obviamente.

Entendo que é uma questão de princípio.
Não suporto que hoje em dia tudo sirva de desculpa para se arrecadarem mais uns dinheirinhos suplementares.


É a mensalidade (exorbitante)... mas são também os suplementos. E o desgaste de material... e os vestidinhos para a festa, os sapatinhos para a festa, os oculozinhos para a festa, as chinelinhas para a festa e outras porcariazinhas tais que no final da festa ficam na escola para, no ano seguinte, voltarem a servir de desculpa para os outros pais pagarem (pela enézima vez).
O estranho é que hoje em dia, também, estes pais aceitam acriticamente (qual dogma religioso), este tipo de imposições.
E digo estranho porque se o infantário fosse do estado e alguém tivesse a ousadia de pedir 1 euro que fosse pela entrada, a Inspecção era chamada e acabava com a festiola ainda antes de começar. Isto, imagino, perante um generalizado aplauso dos pais. Como a instituição é privada, a direcção faz o que quer e sobra-lhe tempo. E ainda tem o generalizado aplauso dos pais.
Já dizia o outro: mais vale cair em graça do que ser engraçado!


Nota: lamentavelmente para mim não há opção público/privado. É que, enquanto por um lado o Governo duplica a oferta de ensino ao sustentar de forma despudorada colégios privados (normalmente de ex-directores-regionais), a rede de infantários pública não chega para as encomendas. É a vida!

terça-feira, julho 04, 2006

Calcanhar de Adão - Maçã de Aqui(les)


Acabo de chegar do Continente (o do Belmiro, claro).
Precisava de maçãs.

Bom, aquilo parece o Mundial das maçãs logo na primeira semana.
É que há ali maçãs de todas as nacionalidades: maçãs da França, da Argentina, do Chile, do Chile e ainda maçãs do Chile.
Havia maçãs do Brasil, de Espanha, de... não..., desculpem, de Espanha não. De Espanha eram os tomates!
Enfim, havia maçãs de não sei quantos países.
Acontece que eu ia exactamente à procura de maçãs portuguesas. Por azar, maçãs portuguesas, não havia!...
...provavelmente já foram eliminadas, pensei eu.

Quero com isto dizer que voltei para casa sem as benditas maçãs.

Em todo caso, não deixa de ser curioso que numa altura em que o Nacionalismo Luso corre pelas veias do País com mais intensidade do que corre a água da mesma marca, o engenheiro mais venerado do País se esteja a borrifar para a Maçã de Aqui!

sábado, julho 01, 2006

Olhe que não...


A propósito da saída de Freitas do Governo, houve quem argumentasse que se trata de uma estratégia de Sócrates, para preparar a sua candidatura (de Freitas, entenda-se) a Belém.

Não creio.

Há um ditado futebolístico muito acertado que diz mais ou menos que “em estratégia que ganha não se mexe”...
Pois bem, a estratégia de Sócrates relativamente às últimas presidenciais foi uma estratégia claramente vencedora... pelo menos para si.
Por isso, não ficarei admirado se ele, um destes dias, aparecer outra vez por aí a defender a candidatura de Soares à Presidência em 2010... quem sabe com o slogan mp4!

quinta-feira, junho 29, 2006

Vi a Lata


O senhor PM arranjou maneira de, todo e qualquer cidadão português, passar ter uma caixa de correio on-line!
O acesso pode ser feito a partir de casa, via internet, ou então, de qualquer estação dos CTT.
Bom... qualquer não. Afinal o «sistema» só está disponível em algumas (poucas) estações.
Em todo caso este percalço não me parece relevante... afinal é quase um contra-senso a pessoa ter uma caixa de correio
virtual e depois deslocar-se aos CTT como se fosse uma caixa clássica.
Por isso, a iniciativa tem todo mérito, uma vez que é um meio de facilitar e simplificar (ou não estivesse aqui metido o Simplex) a vida dos cidadãos.
E depois há a questão da democraticidade da coisa. Esta iniciativa não é só para alguns... é para todos!
Isto partindo do princípio que todos têm internet em casa... com os custos daí decorrentes.
Para mim, o custo da internet (cerca de 600 euros/ano) representa uma despesa significativa... mas presumo que é só para mim.
Pois, se o PM parte do princípio que todo o cidadão pode disponibilizar este tipo de custos, é porque afinal o país está melhor do que eu penso... ou então está pior do que ele pensa... ou, se calhar, nem pensa... ou então nem as pensa!

Ou pensa que está na altura de começar a experimentar a melhor cosmética para disfarçar as rugas... das mentiras.

PS: Gostei muito de ver Luís Nazaré à frente dos CTT!
Como é que era a frase?... «no boys for jobs»?... «jobs for no boys»?... «no for jobs...»!!!

Bom, desisto, não me lembro! Mas de certeza que não se aplica...
pois não?


sábado, junho 24, 2006

Ela, ainda!

A senhora Ministra defendeu que a violência de alunos e familiares sobre os professores é apenas, e só, um caso de polícia. Algo que se situa unicamente na esfera particular entre os directamente envolvidos onde a Administração não tem qualquer intervenção nem responsabilidade.
Bom, mas então, para ser minimamente coerente, devia também defender que a violência de professores sobre alunos é, igualmente, um caso particular a ser resolvido entre o professor e o respectivo encarregado de educação.
Ora, sabemos que não é (não pode ser) assim.
Se a Administração actua severamente nos casos de violência (física ou verbal) quando ocorre entre o professor e o aluno, não se percebe porque é que se demite quando a violência ocorre em sentido contrário.
E também não se percebe quando a senhora Ministra faz referência à autoridade do professor. É que não se sabe se se refere à autoridade que lhe é atribuída por Lei (através do Estatuto do Aluno), se se refere à Autoridade que deveria ser inerente ao estatuto de professor.
É que se se refere à primeira, a senhora Ministra deveria saber que a legislação é, na prática, completamente inconsequente e ineficaz; se se refere à segunda – à autoridade intrínseca, própria do professor – bom então ainda se torna mais difícil de compreender. Sim, porque esta, a senhora Ministra tem-se encarregado de, dia após dia, reduzir a zero.

sexta-feira, junho 23, 2006

Ela, outra vez

Hoje, a Senhora Ministra da Educação passou pela RTP1.
No comentário à reportagem, sobre a violência na escola, a senhora não hesitou em dizer um conjunto de monumentais barbaridades.
Das duas, uma: ou a senhora tem o hábito de mentir com quantos dentes tem ou, então, não percebe nada de nada (naturalmente que esta é uma dúvida de retórica. Na verdade, a resposta situa-se obviamente na primeira hipótese: ela mente com quantos dentes tem!).

Uma coisa foi possível concluir: a senhora não está nada interessada em resolver o problema da educação em Portugal. Na verdade, a senhora apenas aproveita uma oportunidade para o aumentar. Pretende destruir completamente o que existe com o único objectivo de proceder à posterior privatização.
É que é aí (e só aí) que é possível restringir o acesso à verdadeira educação fomentando elites que posteriormente manipularão as massas. Preocupante é que – para além das elites (o que até se compreende) – quem aplaude estas medidas são as próprias massas.

Lamentável.

domingo, junho 18, 2006

Comissão Liquidatária

Nestas coisas de política, nem sempre o que parece... é!
Em todo o caso – e independentemente das (eventuais) jogadas de bastidores, saúda-se com particular agrado qualquer tentativa de chamar o PS à razão... de o re-posicionar... ou seja...

...de devolver o partido socialista aos socialistas.

Até que enfim!


Às vezes até parece que leram o SPS/PP

quinta-feira, junho 15, 2006

Conta-me outro conto.

Era uma vez um pai de família com algum dinheiro mas muito forreta. Um dia, anuncia à pequenada que nesse ano vão todos de férias para a praia (nesta altura a pequenada faz a obrigatória algazarra de felicidade). Entretanto, prossegue, anunciando que para isso já reservou quarto num hotel (a algazarra aumenta)... num hotel em Vilar Formoso!!!
Acto contínuo, o motorista, com ar de pânico e dedo no ar em jeito de pedir a palavra, tenta avisar que a coisa assim não vai resultar...
- Pronto – reage o pai de família com algum dinheiro mas muito forreta – é sempre isto! Quer uma pessoa dar o melhor à sua família e aparece sempre este tipo como má vontade. Vê-se mesmo que não quer fazer nenhum. Preguiçoso! Incompetente!
Nesta altura, qualquer simpatia que os filhotes pudessem nutrir pelo motorista acabava de sucumbir perante aquela atitude ostensivamente «boicotante». Não restou, portanto, ao motorista outra alternativa que não fosse a de cumprir as ordens... por mais disparatadas que elas fossem!

Bom – poderemos pensar – no final do verão, quando se verificar que o plano falhou, a imagem do motorista sairá reabilitada numa relação inversamente proporcional à imagem do pai de família com algum dinheiro mas muito forreta, certo?

Errado!

No final da época, o pai de família com algum dinheiro mas muito forreta juntará a família e dirá:
- eu bem tinha avisado. Vocês foram testemunhas... eu tentei tudo para vos dar o máximo. Mas infelizmente o motorista boicotou os nossos planos. Ele não é capaz de se adaptar aos novos tempos. Não é moderno... está desactualizado. Vamos despedir o motorista e passaremos a andar de taxi.

Nesta história, não sei se a família saiu prejudicada ou beneficiada.
Na educação, substituir a Escola-Pública pela Escola-Empresa é catastrófico.
Substituir o ensino de qualidade pelo ensino popular, parece-me criminoso.
Fazer com que o aluno “curta” a escola, não é difícil.
Trazer os pais contentes pelos contentamentos dos filhos, é fácil e dá votos!

Por outro lado mantêm-se as escolas-referência. Aquelas onde apenas se consegue entrar com uma valente cunha.

Finalmente, adopta-se uma qualquer Quarta Via Socialista onde se assume que a economia (e a sociedade em geral) tem capacidade para se auto-regular através de uma qualquer mão invisível.

Os excluídos apenas se poderão lamentar de si próprio.


Ela Sabe!

Professores e sindicatos têm tecido duras críticas à Ministra da Educação. Porém a critica mais feroz, mais contundente, vem de si própria... da sua carreira... da sua formação e do seu currículo.
É evidente que uma pessoa formada em sociologia SABE que estas medidas conduzem precisamente ao oposto do que é anunciado.
É evidente que uma pessoa com uma carreira académica nessa área SABE, por exemplo, que não pode colocar os resultados obtidos e a taxa de abandono escolar como parâmetro para definir se um professor é bom ou mau.
É evidente que ela TEM CONSCIÊNCIA do erro crasso que comete quando trata os alunos como inimputáveis, retirando-lhes qualquer responsabilidade pelo seu sucesso, pelo seu comportamento, pela capacidade de conformar as suas atitudes e entender a sua vontade.
É evidente que ela SABE que não pode colocar os pais a avaliar os professores sob pena de, em tese, se violar o princípio da imparcialidade previsto no artigo 6.º do Código do Procedimento Administrativo com relativa concretização no artigo 44.º (Garantias de Imparcialidade).

Então, se sabe, porque insiste?


Aceitam-se possíveis respostas!

sexta-feira, junho 09, 2006

Ó Malhão Malhão....

A Ministra anunciou que vai dar a privados a dinamização do Complemento Curricular, apresentando como exemplo as aulas de música. Ou seja, os alunos vão ter música depois das aulas acabarem.
Ops... então mas a Educação Musical não faz parte integrante do currículo? Ou será que pretende, a senhora, fazer sair a Música do currículo transferindo-a para o Complemento? Então mas o complemento não funciona de forma facultativa (?)... apenas para os alunos que se manifestem interessados? Sendo assim, significa que, na prática, vamos deixar de ter Música no 1.º Ciclo, à semelhança do que acontece nos países subdesenvolvidos?
Então e os recursos humanos existentes no agrupamento? Não seria boa ideia aproveitá-los?

Por outro lado, está a terminar o primeiro ano em que funcionou o programa do Inglês nos 3.º e 4.º anos. À semelhança do modelo agora apresentado, também este utilizou a estratégia de recorrer à iniciativa privada. Por isso, presume-se, para se estar a apostar na continuação deste modelo, significa que a experiência foi bem sucedida, certo? Ora, deve haver estudos... resultados... avaliações, certo?
Errado!
O que consta é que esse programa está a ser um fiasco. O facto de se ter recorrido à mão de obra barata (e sem qualificação pedagógica) está a conduzir a autênticos desastres.
Então, se é assim (e presumo que o ministério saiba que é assim), porque é que se insiste nesta fórmula?
Porque o objectivo está cumprido!!!!
O que se pretende é ter os meninos entretidos a baixo custo. E esse objectivo está assegurado. Saber se aprendem ou não... é uma questão completamente irrelevante e lateral para o caso. Por isso, é de todo o interesse começar a privatização por aqui para depois se alargar a outras disciplinas!

Nota: Já agora, quem é que me responde a esta questão?
- se acontecer alguma coisa na sala de aula durante a actividade lectiva que me desagrade, posso contar com o poder disciplinar (hierárquico) do ministério da educação exercido sobre o docente responsável pelo meu filho;

- se ocorrer alguma coisa anómala, durante o complemento curricular, a quem é que eu devo pedir responsabilidades?
É que, para que conste, estas “empresas” não estão inseridas na cadeia hierárquica do Ministério da Educação.

ImperaaDor


Perante uma decisão desfavorável do Tribunal Administrativo da Madeira relativamente aos exames de 6.º ano de Língua Portuguesa e Matemática, Alberto João Jardim, governador do arquipélago, defendeu o seu encerramento.
E não é que os órgãos de soberania do País ficaram calados!?!?

segunda-feira, junho 05, 2006

Explico!

Bem, vamos lá esclarecer uma coisa!
Na verdade não gosto de Sócrates nem do seu governo. Não gosto de ser enganado. Não gosto de fraudes muito menos mega-fraudes. Vota-se num partido de esquerda e depois sai-nos isto! Enfim, para esquecer!.
Dito isto, não significa que esteja desejoso por ver estes tipos no seu lugar... isto é, na rua!
E porquê?
Fácil. Basta fazer uma pequena retrospectiva. Vejamos:

Em 1995 chegou António Guterres. Com ele tivemos prosperidade. Os funcionários públicos viviam bem e os privados melhor ainda. Vendiam-se andares, carros, férias, computadores... enfim, vendia-se muito e comprava-se mais! Havia pleno emprego! Houve a Expo e, por momentos, fizemos pirraça aos espanhóis com o nosso mais-que-motivado orgulho!
Com isto conseguiu-se reduzir o défice que vinha do tempo de Cavaco, ficando-se, segundo a oposição, pelos "inaceitáveis" 4%
Nem tudo eram rosas, é claro! O IVA custava 17%. Havia reformas na Administração Pública, apesar de serem ouvidos os envolvidos. Um dia, o combustível subiu 5 escudos e houve um buzinão, lembram-se?
Depois, não se conseguiram decidir quanto à taxa de alcoolemia e, por causa disso, perderam as eleições seguintes (autárquicas, por sinal) e o governo caiu.

Veio a seguir um tipo Durão que nos disse que o país estava de tanga. Apertámos o cinto! Vivemos pior. Os funcionários privados passaram a odiar os públicos. Vieram as receitas ordinárias. Depois as extraordinárias. Vendemos património ao desbarato. Alguns enriqueceram e muitos (eu incluído) empobreceram numa relação directa de causa efeito. O IVA passou para 19% com fortes críticas do Partido Socialista (!). Nas escolas passou a haver exames nacionais e provas de aferição com fortes críticas do Partido Socialista (!!!).
Obviamente que entrámos em depressão. Passámos a comprar livros do Daniel Sampaio e a ouvir o Eduardo Sá (?!?). Entretanto, qual dádiva recebida do céu, chegou O convite e todos entoámos em coro: Halleluija!

A seguir (e provavelmente por recomendação médica) tivemos um momento de humor para dar uma pausa a tamanha depressão. Entrou em cena Santana Lopes e aquilo foi, que se costuma dizer, só rir. Quem resiste a uma espontânea gargalhada quando vem à memória a Ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra?
Ainda assim, é justo que se diga que Santana tinha um plano sério para Portugal: Aplicar a chamada “Estratégia-Figueira”. Ou seja, transformar literalmente o País num Oásis... isto é, o Oásis da Figueira da Foz estendido a todo o “planeta” nacional.
Depois tivemos "estes"...


...

...enfim, sem palavras.


Depois disto é fácil prever o futuro! Os próximos serão, certamente, muito pior.
Perceberam agora?

domingo, junho 04, 2006

SPS/PP*

Não há dúvida. Desde artigos de opinião a entrevistas, desde sites a blogs... não há dúvida. A direita, de forma mais ou menos ostensiva, está completamente rendida a este governo. Até os notáveis dos partidos da oposição tiveram, numa ou noutra ocasião, de tecer um elogio aqui ou ali.
Quando são obrigados a criticar, fazem-no com tamanha falta de espontaneidade que a operação funciona como elogio. Já tivemos elogios de Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite. Até recentemente Rui Rio elogiou a Ministra da Educação!

Por isso, os governantes e dirigentes socialistas têm motivos para estarem orgulhosos com tamanho sucesso.
Por isso, também, os socialistas e o partido têm razões para estarem apreensivos.
Mais tarde ou mais cedo será necessário fazer uma reflexão. Afinal, não é normal que um «partido de esquerda» agrade, de forma tão expressiva, ao espectro político da direita.
Para já, o PS está, aparentemente, em alta. O pior acontecerá quando passar a espuma deste sucesso sustentado pela profissional propaganda em forma de demagogia.
Certo é que quanto mais tarde acordar, maior será o deserto e mais dura a travessia.
Certo é, também, que nessa altura não terá tantos camelos para lhe sustentar a marcha!



*Super Partido Socialista/Partido Popular!

quinta-feira, junho 01, 2006

A frase


Para quem tem ou trabalha com crianças sabe que a frase é muito mais do que um simples e mais-que-gasto chavão.
Para quem tem ou trabalha com crianças sente verdadeiramente o seu significado. Sente cada palavra com a mesma intensidade com que a criança vive as suas brincadeiras. Vibra ingenuamente com a sua salutar ingenuidade. Deixa-se levar espontaneamente pela sua natural espontaneidade.


Para quem tem ou trabalha com crianças sabe que
...o melhor do mundo são as crianças.

Que possam ser felizes agora já que o futuro não é lá muito promissor. Menos ainda, com esta Ministra da Educação!

Nota: parabéns ao Conselho Executivo da escola Inês de Castro em Coimbra.

quarta-feira, maio 31, 2006

O Faz de Contas

A avaliação dos professores na proposta de revisão do ECD aparece como algo particularmente objectivo parecendo assim que o processo é OBRIGATORIAMENTE transparente e blindado a subversões subjectivas. Dito por outras palavras, presume-se que a aplicação dos mecanismos previstos só podem conduzir a resultados unívocos e justos, sem manipulações para se promoverem os primos, lambe-botas, e cartões-rosa!
Basta percorrer os artigos 44.º e seguintes para se ficar com a sensação de que tudo é claro e objectivo. Esta avaliação “implica a utilização de instrumentos normalizados nos quais se incluirá a definição de cada um dos factores que integram” as várias componentes (art. 45.º, n.º 2); por outro lado, existe uma multiplicidade de itens e factores (art. 46.º) cuja apreciação é posteriormente “convertida” matematicamente numa escala de 1 a 10 (art. 47.º) , da qual, a média vai dizer se o professor é "Excelente", "Muito Bom", "Bom", "Regular" ou simplesmente "Insuficiente"!

Só que, tanta objectividade esbarra logo a seguir com o facto de ser a senhora ministra a dizer quantos "Excelentes" ou "Muito Bons" é que há nas escolas mesmo sem conhecer os professores envolvidos!
Por despacho conjunto do Ministro da Educação e do membro do Governo responsável pela Administração Pública são fixadas as percentagens máximas de atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente, por escola ou agrupamento de escolas” (art. 47, n.º 3).

Então vamos lá analisar o seguinte exemplo: se, depois da aplicação das fórmulas, se concluir que em determinada escola existem três professores qualificados de “Excelente” no ano em que a Senhora Ministra, decide que só deve haver dois, qual a solução aplicar? Faz-se o "Jogo das Cadeiras" para ver quem fica de pé?

É evidente que terão de ser alteradas e manipuladas as classificações de uma das vítimas, para se cumprir a ordem da tutela.
Ou seja, lá se vai a objectividade e transparência por água abaixo!


terça-feira, maio 30, 2006

RTP

A reportagem/debate levada a cabo pela RTP foi um momento de verdadeiro serviço público.
Destacou-se o profissionalismo do moderador que exerceu um papel verdadeiramente objectivo demonstrando estar preparado para o debate.
Destacou-se, também, a posição da Dr. Fátima Bonifácio que consegui desmontar a estratégia elitista que os sucessivos governos de direita, que estão no poder desde 2002, têm para o ensino público. Aliás, regista-se que esta coincide com aquela que este Blog tem vindo a defender desde o princípio a saber:
pretende-se implantar uma nova forma de elitismo na educação para que apenas certas e determinadas classes (de acesso restrito) possam ser as futuras classes dominantes.

Por fim, completamente lamentável foi a prestação do responsável político. Não apenas demagógico. Foi utilizador de um discurso gasto, desactualizado, plagiador onde se demonstra total e completa ignorância acerca dos assuntos em questão. Lamentável, portanto!

segunda-feira, maio 29, 2006

Será que...

...Confiávamos num sistema que valorizasse o mérito:

- dos juízes pelo número de absolvições que proferem?
- dos médicos pelo número de doentes que observam por dia?
- dos enfermeiros pelo número de vacinas que dão por mês?
- dos professores pelo número de positivas que dão no final do ano?
- dos engenheiros pelo número de projectos que acompanham anualmente?
- dos motoristas pelo número de quilómetros que fazem diariamente?
- dos cozinheiros pelo número de refeições que servem diariamente?

(...)

- dos políticos pelo número de intervenções (estúpidas, incluídas) que fazem anualmente na Assembleia?
- dos governantes pelo número de medidas (estúpidas, incluídas) que tomam durante a legislatura?


sábado, maio 27, 2006

Afinal... é pior que mal!

"Na avaliação efectuada [aos professores] pela direcção executiva são ponderados, em função de dados estatísticos disponíveis, os seguintes indicadores de classificação:
(...)
b) Resultados escolares dos alunos;
c) Taxas de abandono escolar;
(...)

h) Apreciação realizada pelos pais e encarregados dos alunos que integram a turma leccionada, em relação à actividade lectiva do docentes.


Sem comentários!
Apenas salientar a expressão "dados estatísticos disponíveis". Será o quê? Os resultados das provas de aferição?... Dos Exames?... sabendo que no caso das primeiras os alunos podem simplesmente não fazer nada que daí não resulta qualquer consequência para o seu resultado escolar?
Por outro lado esses resultados não são também o produto de múltiplos factores a começar pelo meio socio-económico e cultural onde a escola se encontra inserida?



"Por despacho conjunto do Ministro da Educação e do membro do Governo responsável pela Administração Pública são fixadas as percentagens máximas de atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente, por escola ou agrupamento de escolas".


Dito de outra forma, a Escolas estão proibidas de promover a Excelência junto dos seus membros.
Se, por hipótese, uma escola tiver um corpo docente Muito Bom ou até mesmo Excelente o seu Director/Presidente deve começar a pedir-lhes que sejam um bocadinho mais medíocres. É que o número de Excelentes definido pelo Ministério da Educação pode ser inferior à realidade da Escola. E depois? Como é que se atribui a classificação? Moeda ao Ar?

Bem mal!


De acordo com notícias veiculadas hoje (Sábado) os pais vão passar a avaliar os professores.

Óptimo. Até que enfim!
Resolve-se de vez o problema de “chamar” os pais à escola. Envolvê-los na vida da escola.
A partir de agora, e por força desta alteração, os pais vão ser obrigados a estar na escola.
Para avaliarem, pois claro. Sim porque presume-se que se avalia aquilo que se conhece, certo?
Ou será que a coisa se basta com o conhecimento do que o aluno conta em casa?... ou as notas?... talvez a opinião das vizinhas?... o “diz que disse”?...
É que se a medida avança sem que se obriguem os pais a ter um conhecimento directo (e activo) da escola, então estamos perante o mais velhaco e medíocre populismo capaz de envergonhar a direita portuguesa.

Sim, porque não está aqui em causa a quotidiana incompetência exibida pela senhora ministra. Ou da dos seus secretários de estado a começar pelo doutor Valter.
Trata-se, como tenho defendido, de medidas deliberadas e conscientes no sentido de fragilizar ainda mais o sistema de ensino português alinhando-o pelas máximas salazaristas de reservar o acesso à educação apenas às elites.

Já disse várias vezes: se, ao sistema educativo, fosse dada liberdade para ensinar de verdade,... de modo a que a população não se deixasse enganar por agências de propaganda,... e o espírito crítico colectivo não se limitasse a repetir a opinião dos Marcelos Domingos de Sousa...
...então estes senhores governantes (actuais e passados) já tinham sido corridos do panorama nacional.

Tenho dito!

Está tudo aqui. Aconselha-se, em particular, uma leitura aos art. 45.º e seguintes.

sexta-feira, maio 26, 2006

Mal!


A pessoa vai ao médico. Ele manda fazer análises e pronto, pagam-se os 75 euros da consulta. Está certo.
Já com os resultados na mão (e depois de ver que os valores estão dentro dos padrões referenciais) a pessoa vai, por uma questão de delicadeza e cortesia, mostrar os resultados ao senhor doutor. Demora cinco minutos na "consulta" e depois, volta a pagar outros 75 euros (!!!).

A pessoa vai ao médico por causa das alergias sazonais e pronto, paga os 75 euros da consulta. Está certo.
Uma semana depois tem de voltar ao consultório para alterar a medicação por causa de um conjunto de efeitos secundários. Demora cinco minutos na "consulta" e depois, com a nova receita na mão, volta a pagar outros 75 euros (!!!).

Pergunto: é impressão minha ou até as putas* têm mais pudor a pedir dinheiro? Osga-se!

* considerando que já passa das 23 horas já se pode usar esta linguagem... ou não?