terça-feira, fevereiro 28, 2006

Memória!


Soube apenas hoje que o antigo edifício da PIDE está prestes a transformar-se num anónimo conjunto de apartamentos de luxo.

Estranho país, este...

Assustadora, esta naturalidade... quase «normalidade» para apagar a memória de um povo.

Exagero? É evidente que não!

Primeiro, apagam-se evidências... vestígios... testemunhos... factos.

A seguir, substitui-se a História pela estória...

"
- Censura?... nunca senti censura... sempre disse o que quis e nunca ninguém me proibiu!

- Assassinatos? Torturas? A Pide, não! Foram os comunistas que inventaram isso tudo logo a seguir ao 25 de Abril.

- Presos políticos? Olha, se lá estavam não era por irem à missa!!! Onde há fumo há fogo!

- Havia era respeito... sim, muito respeito... muita educação... as pessoas eram pessoas de bem... iam à missa e tudo! Não era a bandalheira de hoje... bandalheira que veio com os comunistas e com a pouca vergonha que foi o 25 de Abril...
"


Estranho País, este...deram-se condecorações e reformas a agentes da Pide no tempo de Cavaco (Ops, esqueci-me... estamos no tempo de Cavaco...)!
Pides que torturaram assassinaram mataram livremente... pessoas que nunca foram arguidos em tribunal nenhum...

Arguidos, são agora um punhado de pessoas que se juntou no passado 5 de Outubro junto ao edifício da António Maria Cardoso apenas para dizer... Não Apaguem a Memória!

Estranho País, este!


segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Ninguém leva a mal???

Cavaco acabou de ser eleito Presidente para os próximos dez anos;

Sócrates, no primeiro aniversário como primeiro-ministro, lembrou-nos que ainda faltam sete aninhos de governação neo-liberal dirigidas aos grandes grupos económicos...

Em suma, estamos metidos num permanente carnaval pelo menos até 2013.



Pergunta:

Porque é que as pessoas andam por aí aos saltos de alegria um pouco por todo país?

sábado, fevereiro 25, 2006

A Corda

A pessoa acorda! Olha pela janela. Tudo cinzento.
Chuva.
Frio.
Vento!
Na rua... ninguém.
Lá longe, a praticar o jogging semanal, apenas umas ceroulas do vizinho que, ao sabor do vento, querem impressionar a bandeira nacional pregada no gradeamento da varanda desde o Verão mais-que-passado.

A pessoa acorda! Está de fim-de-semana. E, no entanto, chove!
Aproxima-se o Carnaval... provavelmente o último dos próximos 10 anos. E no entanto, está frio!

A pessoa acorda. Está vento... e, no entanto, não ouve nada. Não houve tempo para ouvir nada.
Porque a pessoa acorda (como que por engano) apenas para saborear a possibilidade de voltar a dormir!

A pessoa acorda. E repara que já acordou tanta vez ao longo do texto que já não consegue voltar a dormir.

A pessoa acorda... dá corda aos chinelos e pensa a pessoa: porra, acordei!
E tudo por culpa de um texto estúpido, sem pés nem cabeça!

Raios parta o texto!

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Nada a declarar!

Quando se tem um blog gosta-se de o "alimentar" regularmente. Por isso é particularmente frustrante quando nada acontece.
Veja-se hoje, por exemplo:

Foi notícia o grupo de crianças e jovens, entre os treze e os dezasseis anos, que mataram à paulada um travesti na zona do Porto.
Ora bem, para lá do drama que representa sempre um homicídio, o facto de ser perpetrado por miúdos não chega a ser completa surpresa quando se conhece a realidade das escolas portuguesas em meios suburbanos. São planos diferentes, é certo, e não podem ser directamente comparáveis; digo apenas que é visível que alguma coisa não vai bem quando se está a cultivar uma certa cultura de irresponsabilidade onde o jogo da verdade e principalmente da consequência já há muito que saiu de cena... entretanto, insiste-se que é a escola que deve dar soluções para todas as famílias em risco, para todas as mães, todos os pais e todos os filhos da política integradora, esmagadora – quantas vezes – dos direitos de todos aqueles que apenas querem ter acesso a uma educação de qualidade com a necessária tranquilidade.
Agora, peço desculpa, mas tudo isto é velho, é recorrente, não é original e está mais que discutido...

Há três dias desapareceu uma bebé do Hospital Padre Américo.
Mais uma vez peço desculpa mas, e para além do drama que significa o caso concreto, não me parece propriamente novidade... afinal já se comentou o caso da bebé de Viseu e da responsabilidade (ou falta dela) das autoridades. Já se viu o caso dos doentes que morrem no hospital por falta de assistência médica.
E depois? Qual é a novidade disto?
Insere-se no problema geral da saúde e dos hospitais em Portugal onde, toda a gente sabe, “a culpa morre solteira”!

Depois, há o caso do deputado acelera que tem vindo a ser sistematicamente multado e sistematicamente perdoado...
Não percebo! Digam-me, onde é que está a notícia? Não tem sido sempre assim?... Onde é que se quer chegar?
Afinal, ainda há pouco se soube que a BT multou um condutor na auto-estrada por se assoar... ranhosos! – gritei eu.
Agora, os homens, ou a DGV ou lá quem é, vêm todos de bom coração, numa de perdoar um deputado e cai-lhes toda a gente em cima.... é multado por ter cão e multado por não ter!!!

O Sr. primeiro-ministro anunciou em directo à hora de almoço que vai encerrar escolas para combater o insucesso escolar.
!

Bem, na verdade o insucesso existe apenas e só por causa das escolas. Quero dizer, se não houvesse escolas não haveria certamente insucesso.
Ora, em tese, se se fecharem todas as escolas, resolve-se o problema do insucesso escolar.

Pois bem, parece-me bem!
(É nestas coisas que se vê que este governo tem um estratégia para Portugal.)

Depois tivemos hoje o desfecho do «Caso do Parque» uma versão soft do caso «Casa Pia».
O do Parque e o dos Açores, estão arrumados ao passo que o outro, o mediático, marca passo!
Justiça a duas velocidades, bem sei! E depois?... É assunto? É novidade? Não!

Finalmente tivemos a Comissão Europeia do Dr. Barroso a dizer que é necessário que os portugueses façam mais esforço orçamental que é como quem diz, mais contenção salarial, menos direitos sociais, o acentuar das assimetrias, a reforma das reformas etc, etc, etc,... peço desculpa mas desde 2002 que ouço esta conversa com o célebre discurso da tanga do mesmo Dr. Barroso! Acham que ainda há mais alguma coisa a dizer? Não... e sinceramente já nem tenho paciência para estas lamúrias... tirem lá tudo o que já decidiram que nos vão tirar mas, por favor, poupem-nos a esta ladainha!

Conclusão... vivemos num país que vive em perfeita normalidade, não se passa nada de relevante... e ainda é bem!
Pelo menos, se calhar agora percebe-se (e está explicado) porque é que se uma pessoa passar o tempo calado sem dizer nada tem boas probabilidades de conseguir ser eleito para um qualquer cargo importante!!!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Centésimos, milésimos e cagagésimos!

A entrada do euro em Janeiro de 2002 representou o corte definitivo com um passado quase monárquico com a substituição dos Contos de Reis.

E digo substituir os Contos de Reis porque o Escudo já era tão pequenino que praticamente toda a gente pensava em “mil escudos”. No fundo, o Escudo era a sua própria fracção uma vez que, na prática, já ninguém precisava dos centavos para nada.
Pois bem, com a entrada do Euro teve de se revitalizar a parte centesimal do cérebro, com o regresso dos cêntimos.
Assim, hoje temos Euros e temos Cêntimos...
...não temos os «milêntimos», pois não?
Quer dizer, percebo que em produtos de valor extremamente reduzido (as tarifas telefónicas) ou em operações de montantes avultados (materializadas em acções cotadas na bolsa) haja necessidade de definir valores para além dos cêntimos. O mesmo se diga no âmbito da moeda escritural. Depois da virgula, cada um que meta o número de números que melhor lhe aprouver.
Agora «milêntimos» nas situações do dia-a-dia?!? Não há necessidade.

Digo isto a propósito do preço dos combustíveis.
Alguém é capaz de dizer exactamente qual é o preço da gasolina sem chumbo 95 nos postos da Galp por comparação, por exemplo com os postos BP? Ou o preço do Diesel?
Não! E porquê? Por causa de tanto número que aparece depois da vírgula. E para quê tanta esquesitice? Afinal quando os combustíveis sobem, sobem aos 2 e 3 cêntimos de cada vez!...

É que, quando o PSD liberalizou o preço dos combustíveis (mais ou menos quando Diesel custava 80 cêntimos) era com o objectivo de os tornar mais baratos (pois)!
Dizia-se que o cliente poderia optar pelo posto que praticasse a estratégia mais competitiva estimulando, com isso, os mecanismos da concorrência.

Pois bem... sinceramente, alguém consegue ler tanto número com tanta modalidade diferente – Diesel normal, Diesel Gforce, Ultimate, Gasolina 95, Gasolina 98 – tudo isto em andamento?
Eu não consigo, e muito menos fixar... mas também, será que vale o esforço?
Simplesmente parece-me é que a estratégia se revelou eficaz!

sábado, fevereiro 18, 2006

Re-Formatório?


Um adolescente internado num reformatório nos EUA foi espancado até à morte pelos guardas prisionais perante o olhar indiferente da enfermeira auxiliar.
No vídeo divulgado, é possível ver que os murros e pontapés continuam mesmo depois de o jovem estar inconsciente.

É evidente que se pode alegar que é um incidente... afinal, nós por cá, povo de brandos costumes, também tivemos o caso Sacavém. No entanto este tipo de comportamentos não deixa de ser, também, o reflexo institucional da influência Bush na sociedade americana.


Esta, mas também Abu-Ghraib e Guantanamo, são formas de terrorismo que, das outras, apenas diferem por serem mais toleradas.
São formas de estar e ser medievais, incompatíveis com os princípios básicos da vida civilizada, própria das sociedades europeias.

Pois bem, se é verdade que os europeus nada podem fazer para chamarem os americanos à razão, já podem responsabilizar os seus políticos, amigos seguidores e servidores de Bush: Berlusconi, Aznar, Blair, Durão...
... só assim, aliás, se podem demarcar desta vergonhosa falta de respeito pela vida humana e restantes valores essenciais da humanidade!

Afinal quem disse “ou estão connosco, ou estão contra nós...”?

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

A Saga Continua (Vol II)

Três dias depois dos primeiros 38,5 de febre (razoavelmente controlada à força de umas saquetas de Aspegic) lá resolvi eu ir ao SAP aqui do burgo.
Três horas de sala de espera e dois minutos de consulta foram suficientes para se concluir que desta vez eu tinha uma valente amigdalite.
Cipamox, para um lado, ben-u-ron para o outro e...
- vá-se lá embora que temos aí muita gente para atender...

- Pois sim senhor mas... e o atestadozito?
- Atestado? Atestado, isso aqui no SAP não passamos!

Não passamos?!?
Ora essa, então mas eu estou, ou não estou de “molho”... tenho, ou não tenho dor de cabeça, dor de garanta (ui, dói-me só de escrever a palavra garganta), tremores pelo corpo e o corpo todo feito no oito como se tivesse acabado de levar uma malha?

- Então, significa isto que tenho de ir trabalhar?
Pois! Ou então, voltar ao Centro de Saúde, aguardar outras cinco horas numa sala de espera suficientemente recheada de todo o tipo de vírus e macacadas afins, e depois dizer “sabe, senhor doutor, não preciso da sua opinião porque quanto a isso já estou aviado, só queria mesmo era um atestado”!
Ora não é seguro que o médico o passasse, mas é quase certo que se passasse... dos carretos! E com alguma razão.

(Claro, a outra solução era pagar os 75 euros próprios dos «outros» atestados!)

E pronto... aqui estou eu doente, a gozar este lindo dia de férias...

terça-feira, fevereiro 14, 2006

S Valentim


É verdade que os tempos não estão muito favoráveis a Valentins ou Valentões… mas como tudo Vale o que Vale e datas são datas (e esta não é nada aconselhável para esquecimentos), aqui vai a minha contribuição.
Partilho aquela que, pessoalmente, considero uma das mais… como direi (?)… "simples(?)" poesias de amor devidamente cantada por Chico Buarque.

Ah… e não se esqueçam… «vistam-se» a rigor!




Tanto Amar

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita

A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita

Se seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura

Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra

É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olha a pestanejar
E outro me fita

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico

sábado, fevereiro 11, 2006

Quinta-Feira; Sexta-Feira; Sábado: Feira!

Tenho a sorte de viver num sítio razoavelmente agradável, pelo menos de acordo com os meu padrões de exigência.
O único problema acontece mesmo aos Sábados. Todos os Sábados.
Aos Sábados acordo com uma feira mesmo por baixo de mim.
E o problema não é a feira propriamente dita. Quero lá saber da feira, da contrafacção e dos polícias que, pelo menos pela reacção (ou ausência dela), são os únicos que não sabem que aqueles produtos são falsificados.
Já me chateia um pouco que, à conta da feira se aproveite para entupir completamente o trânsito inviabilizando qualquer acesso aos veículos de emergência... mas, se o Presidente da Câmara (e da protecção civil) não está preocupado...

O que me aborrece é ver o meu querido povo luso atirar-se sem dignidade, a partir das oito da manhã, para a dita feira com uma sofreguidão só comparável à da distribuição de bens essenciais em regiões devastadas.
Vale tudo. Deixar o carro ( o termo «estacionar» não se aplica no presente contexto) por cima, por baixo de lado no passeio, no parceiro na passadeira, ou no passadiço, é apenas a condição essencial para se chegar primeiro podendo, quem sabe, aproveitar a melhor oportunidade do negócio.
A corrida, a pressa, a concentração materializada nos olhos esbugalhados, espetados ao longe, na praça onde tudo se desenrola, justificam as mossas nos carros vizinhos que, por mais que se encolham não as conseguem evitar; os canteiros curvados à força dos pegadas como se um vento forte tivesse soprado naquela direcção; os empurrões; as pisadelas... os gritinhos delas...
Enfim, uma festa!!!

PS: Peço desculpa pelo desabafo mas, por um lado, hoje, um ombro desastrado, rebentou-me com 150 euros de espelho retrovisor; por outro, ainda procuro uma explicação que permita compreender o resultado da última eleição presidencial.


sexta-feira, fevereiro 10, 2006

E foi assim...


Como todas as segundas-feiras naquele ano, às sete menos dez já estava prontinho para sair de casa... (com a melhor aparência que se pode arranjar àquela hora).
Lá fora estava (e estaria) ainda completamente escuro. E frio!
Pasta na mão, fui até ao quarto onde ela ainda dormia. Deixei um “até logo” no ar para que só fosse visto quando acordasse.

- Espera só um bocadinho... – disse ela, afinal já acordada – acho que se está aqui a passar qualquer coisa que não é normal...


E foi assim que a coisa começou. Faz hoje precisamente três anos, que a Laura nos resolveu fazer a sua primeira surpresa aparecendo duas semanas mais cedo que o previsto. Começava assim uma nova vida: a dela... e a nossa!

Parabéns, Laura.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Acorrentado

Agora que os votos de melhoras começam a fazer efeito, já me sinto com coragem para aceitar o desafio da Sulista. Aqui Vai:

Acreditar – Sim... em tudo... sempre... com muita facilidade. Acredito principalmente em vendedores de rua que me “seleccionam” por “casualidade”. Em Dezembro também acredito no Pai Natal

Preguiça – Não sou preguiçoso... acontece é que este item dá muito trabalho a responder e por isso fica em branco!

Entrega... ao domicílio , que é como quem diz, “aos de casa”! Entrega também aos amigos, pois claro e muitas vezes a causas perdidas!

Perseverante – sim... muito... quer dizer muito perseverante até encontrar o primeiro obstáculo. Aí, normalmente interpreto-o como um sinal do destino que me indica que o caminho certo é desistir da patetice que estou a fazer.

Optimista – É claro que sou optimista. Mesmo muito. Afinal, o pior de hoje ainda nos fará sentir saudades no amanhã. Isto porque daqui para a frente vai ser sempre a piorar. Desde logo porque vamos estar mais velhos... limitados... o corpo vai-se degradar cada vez mais... vamos ser os estorvos das gerações mais novas... vamos ser um fardo. Resumindo, sou optimista porque o futuro é negro!

Considerando que a corrente já me parece esgotada (pelo menos dentro do meu pequeno universo bloguístico) acho que não vou conseguir eleger os novos cinco nomeados.
Estou perdoado?

O Hóspede


Sem que fosse convidado, instalou-se cá por casa um vírus (não informático) que nos deixou completamente de “molho”.
Neste momento a coisa resume-se mais ou menos a uma transformação do corpo em líquido(s) – razoavelmente coloridos – que procuram sair por onde podem às horas que querem, sem pedirem licença a ninguém.
Considerando que a coisa já se prolonga quase por uma semana, aceitam-se aqui os tradicionais votos de melhoras como última solução para convencer o hóspede a procurar outras paragens!

sábado, fevereiro 04, 2006

OuVi o Lino

Logo pela manhã a minha mulher anunciou-me formalmente que tinha acabado de tomar uma decisão: aprender a tocar violino!
Ainda a mensagem não tinha chegado ao receptor, já ela estava agarrada ao telefone a fazer a inscrição e a marcar o respectivo horário: sábado das 15:15 às 16:00.
Antes mesmo que eu tivesse tempo para organizar mentalmente o obrigatório comentário de incentivo, já ela me estava a arrastar porta fora em direcção a uma loja de instrumentos para escolher aquilo que me parece vir a ser a nossa mais recente peça de decoração para pendurar no escritório.
Enfim, à hora marcada lá estava na aula, e à hora prevista lá chegou a casa.

Está neste momento na sala presumo que a treinar as orientações da aula.
Digo presumo, porque não são propriamente notas musicais aquilo que se ouve... são antes gemidos emitidos pelo violino provavelmente devido à humilhação que lhe está a ser infligida neste momento.
As melodias esforçam-se por encontrar uma saída que lhes permita adquirir alguma dignidade mas os dedos teimam em trocar as voltas a qualquer tentativa de afinação.
Não é impressão... é mesmo possível ver os sustenidos completamente embrulhados com os bemóis perante o olhar atónito dos bequadro... as semibreves são tudo menos breves a as fusas e semifusas estão completamente confusas.
Tão penosa sequência só é interrompida por batimentos rítmicos regulares vindos regularmente dos vizinhos que, presumo, tenham aproveitado a tarde/noite para pendurar quadros.

E é aqui que entra exactamente a beleza da história. É que o estudo prolonga-se por intermináveis 45 minutos e, até ao momento, ainda não saí de casa!
Ora, é por isto (e não só) que eu sei que amo a minha mulher!!!

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Era de prever...


A mim – e provavelmente a muitos outros ocidentais – parece-me completamente exagerada e injustificada a reacção dos muçulmanos às caricaturas dinamarquesas.
No entanto, basta recuar um pouco na nossa memória, para vir à lembrança a reacção que determinado semanário de referência em Portugal teve há alguns anos a propósito de uma caricatura do Papa causando, por arrastamento, uma enorme celeuma no nosso lusitano povo.
Ora, se nós, sociedade racionalista e de religiosidade tendencialmente não praticante, reagimos assim...

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Bancos


Em tempos tentei renegociar com o banco o spread do crédito habitação que se encontrava obscenamente desactualizado...
...que não... que as condições contratadas na altura foram de comum acordo entre as partes!
Saí, como se costuma dizer, com o rabo entre as partes!

Posteriormente solicitei uma declaração para efeitos de IRS (uma folha A4 produzida em computador onde apenas se preenchia o valor específico) e foi-me apresentado um custo de 75 Euros! Reclamei.
...que não... que os preços estão previamente estabelecidos e que era minha obrigação informar-me antes de solicitar o serviço!

Verifiquei, na tal declaração, que o banco se tinha enganado lesando-me em cerca de 480 Euros. Reclamei!
Aí sim, devolveram-me o dinheiro que eu prontamente me disponibilizei para ir levantar e aproveitei para encerrar a conta. Quando conferi os ditos 480 euros (gato escaldado...) verifiquei que faltavam 2,50 Euros... Inquiri!
...que não... que eram despesas de encerramento de conta!

Porque é que, à semelhança do restante comércio e serviços, não são os bancos obrigados a divulgar de forma visível e compreensível todos os preços que praticam? (para já a única coisa visível nos balcões são aqueles panfletos que nos "oferecem" crédito para trocar de carro ou comprar o home cinema que não cabe na nossa sala)


Afinal é normalmente aqui que uma pessoa deposita o seu futuro. Refiro-me concretamente à compra de habitação onde, sem opção e em condições de desigualdade, se acaba por hipotecar 30, 40 ou mais anos da nossa vida.

Ora em vez de um disfarçado proteccionismo, não deveria existir antes uma maior atenção por parte das entidades responsáveis?

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

A mim ninguém me cala!

José Sócrates terá percebido agora que fundar a sua estratégia de actuação numa imitação de alguns líderes (e primeiro-ministros) de outros tempos poderia não dar bom resultado. Esqueceu-se certamente que, ao contrário desses, o PS é um partido com ideologia – concorde-se ou não, mas tem uma ideologia. E esse “pormenor” faz com que a sua razão de ser e de existir, ao contrário de outros, não se reduza ao único e exclusivo objectivo de ser (e estar no) governo!
Por isso, as sua base de apoio não troca a sua consciência crítica pelo inebriante cheiro do poder.
Haverá, tal como em outros partidos, elementos cujo único princípio orientador seja o “poder a todo o custo”... a diferença é que (estou convencido) no PS esses elementos sejam pouco mais do que uma excepção.
Ora é precisamente por isso que acredito que a estratégia de Sócrates poderá estar condenada ao fracasso.
Felizmente!