quarta-feira, junho 10, 2009

Análise político-económica

Na sequência da vitória nas eleições europeias, Paulo Rangel "mandou" o governo parar com as grandes obras.

Tudo depende do resultado das próximas legislativas para, daí, se reavaliar como e quem vai construir o aeroporto e o TGV.

É tudo uma questão de legitimidade.

Eu explico melhor:
  • se for o PS a ganhar é a MOTA ENGIL que tem «legitimidade» para construir a obra;
  • se for o PSD essa «legitimidade» passa para a SOMAGUE/SOARES DA COSTA.

Simples, portanto!

:)

terça-feira, junho 09, 2009

Eleições Europeias - a Análise!!!

Numa altura em que o sistema neo-liberal de auto-regulação dos mercados está em crise com a recente crise, como é que se justifica que a Europa tenha “virado” à direita?

De facto, não foram os partidos do governo que foram derrotados a 7 de Junho. Foram (em síntesel) apenas os partidos de governo da área centro-esquerda. Porquê?
Tenho para mim que este é o resultado da alegada “renovação” dos Partidos Socialistas iniciada por Blair com a chamada terceira via.
Ou seja: os Partidos Socialistas perceberam - e bem - que se deviam modernizar face aos novos paradigmas da sociedade. Só que em vez de iniciarem esse processo de actualização, a partir de uma espécie de up-grade em relação à sua filosofia e estrutura ideológica, acharam que era «mais fácil» “meterem a ideologia na gaveta” e situarem-se ali próximo (ou até mesmo “em cima”) dos partidos de direita.
E digo «mais fácil» porque desta forma tornaram-se mais atractivos para os “agentes económicos” que “agem” no tal mercado liberalizado e auto-regulado e que até "gostam de «investir» em política".
Esta estratégia tem, naturalmente, muitas vantagens no curto prazo. Mas depois... é o que se começa a ver!

Contudo, voltemos à questão inicial:

Numa altura em que o sistema neo-liberal de auto-regulação dos mercados está em crise com a recente crise, como é que se justifica que a Europa tenha “virado” à direita?

Parece-me que a resposta é esta:
se inevitavelmente temos de viver (por falta de alternativa política) numa sociedade baseada nos princípios e valores neo-liberais, então que sejam os neo-liberais a tomar conta dela porque, ao menos sempre lidam com aquilo que sabem.
É mais ou menos a mesma face do princípio (adaptado) que diz que “assim como assim, e a ter de ser, que sejam os genuínos em vez das imitações.
E pronto… é esta a minha opinião!

segunda-feira, junho 08, 2009

Santana Castilho - Carta aberta (No Público)


Senhor primeiro-ministro:Como sabe, uma carta aberta é uma figura retórica. Usamo-la para dizer publicamente coisas que reputamos de interesse geral e para as quais queremos mobilizar os outros. É este o meu fito. Claro. Dispensando mantos negros de campanhas da mesma cor. A assinatura vai no fim. Responsabiliza e o senhor sabe quem se lhe dirige.Quer acredite, quer não, começo por lhe confessar que tenho, repetidas vezes, verdadeira compaixão de si e da vida que construiu ao longo dos últimos anos. Não se pode sentir bem, mesmo que se julgue um salvador. Porque, objectivamente, o país que resulta da sua governação está pior do que o país que tomou e porque são muitos os que o têm por carrasco das suas existências. É, por exemplo, o caso do grupo profissional a que pertenço, os professores. A ministra e os secretários de Estado que o senhor descobriu infernizaram um sistema de ensino que já não precisava de ajuda para ser medíocre. Mas foram longe no cumprimento da missão que lhes determinou. Tornaram-no um caos. A responsabilidade, primeira e última, de tudo quanto aqui disse à sua dilecta ajudante, no meu último artigo, é sua. Sua, senhor primeiro-ministro! O senhor tem vindo perseverantemente a destruir a credibilidade da escola pública, a hipotecar o futuro da juventude e, com ela, do país.Se aplicar a si próprio a ligeireza taylorista da avaliação do desempenho que impôs aos outros, estritamente assente em resultados, só pode concluir que falhou e não merece a renovação do contrato. Três exemplos, entre tantos: o senhor conseguiu a maior taxa de desemprego de sempre e uma dívida externa como nunca se viu na nossa história; sufocou-nos com a obsessão dos 3 por cento para, afinal, terminar a legislatura com um défice nunca antes atingido.O senhor, no partido e fora dele, rodeou-se de iluminados fanáticos que lhe têm feito crer que as suas posições - melhor dizendo, imposições - são as únicas razoáveis, ainda que diametralmente opostas às da maioria a quem se destinam. E não me venha com o discurso da legitimidade que conquistou nas urnas. Começou a perdê-la no dia seguinte, quando deixou de cumprir o que prometeu aos que em si votaram.Umas vezes de modo sub-reptício, outras de forma desavergonhada, fui assistindo à coacção social para aceitar ideias denominadas de progressistas, que não são mais que retrocessos civilizacionais. Falo da escola a tempo inteiro. Falo daquilo a que chamou escola inclusiva. Falo do desmembramento do Sistema Nacional de Saúde. Falo do desastre da Justiça e da produção legislativa pré-ordenada para fins diferentes dos do interesse colectivo. Falo do incentivo à bufaria e da continuada tentativa de domar a imprensa livre. Falo do TGV, do fim dos concursos públicos e dos ajustes directos, das derrapagens escandalosas de preços e dos favorecimentos mais que duvidosos. Falo do esbatimento desapropriado e inaceitável das fronteiras entre o Estado e o PS.Os funcionários públicos, em geral, e os professores, em particular, foram apresentados à população como os responsáveis pelos males do país. O senhor pulverizou carreiras em nome de uma modernização que ninguém vê. Tornou tudo precário. Deitou borda fora gente experiente e competente para acabar contratando em outsorcing depois. O último ajuste directo foi feito com Freitas do Amaral, por 72.000 euros, para rever a lei das fundações. Naturalmente que não está em causa a competência do professor. Em causa está o princípio. Em causa está a memória, que ainda não se apagou, de outro contrato para colectar, por mais do triplo daquele valor, imagine-se, uma legislação que qualquer secretaria-geral dominava e utilizava no dia-a-dia.Entrámos em campanha eleitoral. Três eleições seguidas, arrastadas, com os mesmos que nos trouxeram à encruzilhada a dizerem que têm as soluções para o país, sem que ninguém peça desculpa por ter sido protagonista dos mesmíssimos erros que aponta aos adversários. Entre eles, o senhor sobressai pela falta de credibilidade. Pelo que acabo de referir, a título paradigmático, mais pela falta de cabal e atempado esclarecimento de tanta trapalhada em que tem sido envolvido. Queria que a rectidão do seu carácter não fosse com frequência objecto de dúvida. Gostaria que os olhos nos olhos da argumentação política substituísse o absurdo e a mentira manipuladora do receituário definitivo. Mas como quer, por exemplo, que o cidadão comum tome a sério o combate apressado ao enriquecimento ilícito, simulado na mesma casa que se abriu, sem pudor político nem vergonha cívica, quase por unanimidade, ao deboche do financiamento partidário? Ou que seja generoso quando o vê, lá fora, ridiculamente exposto a falar em castelhano que não domina, ou a promover computadores manhosos numa cimeira internacional?Reconhecem-lhe dons oratórios. Discordo. O senhor é tão-só um pugilista da frase previamente fabricada (para o observador atento são significativos os seus erros discursivos: diz perdão, faz rewind e carrega no forward para prosseguir sem pestanejar). O seu vício para reduzir a argumentação ao pugilato verbal é irrecuperável, mesmo que a tarefa seja entregue à equipa de Obama que, dizem, vai contratar. Tenho para mim que o que mais o aproxima desse político é o tom da pele. Imagine como vejo grande a distância que vos separa e difícil a tarefa daqueles técnicos de comunicação. Sejam quais forem os resultados, o senhor já perdeu. Porque resignou um povo a viver explorado, sem esperança e sem alegria.
Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)