Também eu, por volta dos meus dez anos, tive um animal de estimação.
Não era cão nem gato como a generalidade dos miúdos. Muito menos um peixe que é coisa de rico.
Nessa altura vivia numa verdadeira quinta rural no meio de uma aldeia rural. Por isso, o meu animal só podia ser, também ele, rural!
Um pato!
Nem mais nem menos, um pato.
Branco.
Nem tinha nome. Era só Pato, como o Octávio.
(às vezes marreco, de alcunha!)
Era uma animal generoso, para Pato!
Fazia de cada dia uma festa. Sempre bem disposto. Brindava-me todas as manhãs com um leve mordiscar de pernas numa brincadeira de morde-e-foge. Só não se deixava agarrar como que querendo manter sempre a sua liberdade.
Ia-me esperar todas as tardes mais ou menos a meio do caminho quando eu chegava da escola. A carreira (nome que se dava ao autocarro escolar, também conhecido por camioneta tal era o desconforto) deixava-nos, a mim e à restante canalhada da minha idade, junto à loja da Sr.ª Berta. O resto do caminho até casa era a pé. Pois bem, antes de fazermos a última subida da calçada, lá vinha o animal muito maluco de asas abertas e uma nuvem de pó atrás como os cowboys do filmes americanos.
Depois dos cumprimentos iniciais, através das tais mordiscadelas, acompanhava-nos ao nosso lado procurando integrar os seus quá-quás no contexto da nossa conversa... como se fizesse questão de participar e dar a sua opinião.
Era um bicho versátil. Fazia um pouco de tudo... embora mal feito. Explico melhor: sabia caminhar nadar e voar, proeza que não é para todos. No entanto, qualquer uma destas três dimensões eram praticadas sem grande eficiência nem elegância. Às vezes parecia um daqueles brinquedos made in China, um bocado desarticulados mal construídos. Mas era o meu Pato!
Uma dia – sei que era Sábado, como hoje – acordei e lá estava o Pato, junto ao tanque da quinta. Parecia que me estava a sorrir como que a dar os bons dias... mas, reparei que lhe faltava qualquer coisa. Para ser mais exacto, faltava-lhe o corpo. Só ali estava a cabeça.
Demorei um pouco até que percebi que nesse dia havia arroz de pato para o almoço.
Isto passou-se tinha eu os meus dez anitos!
Ainda hoje não como arroz de pato.
Ainda hoje não me consigo afeiçoar a animais.
Ainda hoje não percebo porque é que me mataram o Pato!
Não era cão nem gato como a generalidade dos miúdos. Muito menos um peixe que é coisa de rico.
Nessa altura vivia numa verdadeira quinta rural no meio de uma aldeia rural. Por isso, o meu animal só podia ser, também ele, rural!
Um pato!
Nem mais nem menos, um pato.
Branco.
Nem tinha nome. Era só Pato, como o Octávio.
(às vezes marreco, de alcunha!)
Era uma animal generoso, para Pato!
Fazia de cada dia uma festa. Sempre bem disposto. Brindava-me todas as manhãs com um leve mordiscar de pernas numa brincadeira de morde-e-foge. Só não se deixava agarrar como que querendo manter sempre a sua liberdade.
Ia-me esperar todas as tardes mais ou menos a meio do caminho quando eu chegava da escola. A carreira (nome que se dava ao autocarro escolar, também conhecido por camioneta tal era o desconforto) deixava-nos, a mim e à restante canalhada da minha idade, junto à loja da Sr.ª Berta. O resto do caminho até casa era a pé. Pois bem, antes de fazermos a última subida da calçada, lá vinha o animal muito maluco de asas abertas e uma nuvem de pó atrás como os cowboys do filmes americanos.
Depois dos cumprimentos iniciais, através das tais mordiscadelas, acompanhava-nos ao nosso lado procurando integrar os seus quá-quás no contexto da nossa conversa... como se fizesse questão de participar e dar a sua opinião.
Era um bicho versátil. Fazia um pouco de tudo... embora mal feito. Explico melhor: sabia caminhar nadar e voar, proeza que não é para todos. No entanto, qualquer uma destas três dimensões eram praticadas sem grande eficiência nem elegância. Às vezes parecia um daqueles brinquedos made in China, um bocado desarticulados mal construídos. Mas era o meu Pato!
Uma dia – sei que era Sábado, como hoje – acordei e lá estava o Pato, junto ao tanque da quinta. Parecia que me estava a sorrir como que a dar os bons dias... mas, reparei que lhe faltava qualquer coisa. Para ser mais exacto, faltava-lhe o corpo. Só ali estava a cabeça.
Demorei um pouco até que percebi que nesse dia havia arroz de pato para o almoço.
Isto passou-se tinha eu os meus dez anitos!
Ainda hoje não como arroz de pato.
Ainda hoje não me consigo afeiçoar a animais.
Ainda hoje não percebo porque é que me mataram o Pato!
5 comentários:
Pois! Como o compreendo!
No meu caso foi um coelho!
Ainda hoje tenho alguma relutância em comer coelho.
E Pato... esse é que não como de maneira nenhuma!
Coisa das mães, armadas em cozinheiras caprichosas...
Claro,para uma criança de dez anos ver apenas a cabeça de um companheiro desse forma deve ter deixado marcas,só não percebo por que isso o leva a não querer animais!...Tudo o que neste planeta tem vida,tambem terá o seu fim.Qualquer ser vivo nasce e morre de forma mais suave ou mais dolorosa.Por isso acho que devemos usufruir com espírito de amizade e de humanidade a companhia de seres vivos que nos conseguem comunicar emoções ou afectos. Por que não? Se calhar nós precisamos tanto deles como eles de nós,pelo menos em certas circunstâncias.Sugiro-lhe -olhe para um animal como para um AMIGO e verá que não se sentirá desconfortável.Desejo-lhe bons momentos de reflexão.
a mim fizeram-me isso com uma galinha. tinha para aí 4 anos.. exigia galinha de volta.
mas isso não afcta a comida das ditas e muito menos os animais.
Os bichos podes ter a certeza são os melhores amigos, em todas as circunstâncias. morrem é certo mas são bons amigos enquanto duram. Sempre tive gatitos e nos ultimos tempos umas amostras de cães. .Conheceste o cisco. :)))Conhecias o piolho. Foi amigo e fiel até ao último momento. Não se pode dizer o mesmo das pessoas.
E como é ue se pune a violência psicológica que é continuadamente exercida sobre as crianças?
quuaaáá!
quuaaáá!
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