Conheci um presidente de Câmara, dirigente local de determinado partido, que conseguia notáveis mobilizações populares e consequentes (e marcantes) vitórias eleitorais, sempre que se tratava de eleições autárquicas. Por outro lado, era confrangedor acompanhar o partido, através da “via sacra” que o conduzia ao calvário, nos restantes actos eleitorais... sem estratégia, sem rumo, deambulava pela(s) campanha(s) dia após dia até à derrota final.
Às vezes, parecia que era de propósito!
Não, não era possível – dizia-se – afinal ele, o senhor presidente, acabaria por pagar politicamente o preço dessas derrotas... ele era, provavelmente, o principal derrotado e, como tal, esse insucesso acabaria por se reflectir junto dos órgãos centrais do partido!
Errado. Nada mais errado.
Quanto mais acentuada fosse a diferença entre os seus resultados e os resultados do partido mais conseguia transmitir a ideia de “eu sou mais do que o partido”... “eu sou a mais-valia”... “é o partido que precisa de mim e não sou eu que preciso do partido”.
Naquela altura, a estratégia era nova e original.
Depois disso já tivemos a passagem de testemunho entre Cavaco e Fernando Nogueira.
É que basta recuarmos um pouco nos recantos da nossa memória para nos lembrarmos dos “episódios” protagonizados pelo então primeiro-ministro com seu benjamim e que coloriram as legislativas de 95. (Aliás, a própria escolha de Fernando Nogueira já era aquela que permitia alcançar este objectivo).
O que é curioso, é que com a habitual sede de vitórias (a qualquer preço) os partidos deixam-se arrastar naturalmente para este tipo de cativeiro a aceitam ficar presos a estes mitos tipo “D. Sebastião”... salvador do partido... (Ah! E já agora do País... fica bem!)
Ora, na minha opinião, é precisamente este o processo que se está a iniciar no Partido Socialista.
Sócrates, se tiver, como tudo indica, uma derrota no âmbito das presidenciais, poderá ficar em maus lençóis uma vez que acabou de sair das autárquicas. O partido poderá começar a mexer, certo?
Talvez! No entanto, tudo indica que as próximas legislativas poderão sorrir novamente a Sócrates (estou louco???!!! Lembrem-se de Cavaco... um mês depois de ganhar as eleições já toda a gente dizia mal da vida e o que é certo é que teve duas maiorias...)! Aí, será ele, Sócrates, a sorrir... a fazer tabus (à semelhança do seu ídolo)... enfim a ter o partido na mão... a torná-lo refém!
Também ele poderá dizer que é mais do que o partido!
Ah!, esquecia-me, e com isto afasta a imagem incontestável do líder histórico e referencial do partido... Mário Soares!
3 comentários:
É isso mesmo Blogo. Bom artigo. Costumo dizer que na política e na vida partidária se cultiva o "quanto pior melhor", garantindo assim as posições a que se ascende. E se alguém aparecer com valor: damos-lhe cabo da saúde.
O texto denuncia, ainda, outro arquétipo típico dos dirigentes (não digo líderes propositadamente, porque estes actuam de forma oposta) partidários: "Atrás de mim virá o caos"
Sim digam-me lá onde vão buscar essa vossa tanga cavaquista que sócrates prefere cavaco.
Não sejam loucos."os loucos de lisboa"
Com isso apenas favorecem a imagem de cavaco.
Soares é apoiado em todas as frentes por sócrates . O resto é conversa. Só não é apoiado precisamente pelos rapazes da esquerdelha folclórica.
Já agora percebam uma coisita... o país está mesmo mal.. e é preciso mexer nas vacas sagradas. e sócrates está a tentar fazer isso.
E está a demonstrar a mesma coragem que soares teve no passado quando teve que fazer no seu tempo a mesma coisa
Eu gosto dos ficheiros secretos... mas...
Nahhhh....
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