quarta-feira, outubro 12, 2005

Futebol

Acho o fenómeno do futebol algo de verdadeiramente fascinante. A pessoa nasce Benfiquista, Sportinguista ou qualquer outra coisa terminada em “ista” e interioriza esse quid, como o corpo interioriza a vida. Mesmo nesta época altamente dominada pela ciência e pela razão, o “nosso” clube é talvez o único dogma que se aceita incondicionalmente sem se contestar... nem o destino – algo tão caro aos portugueses – consegue gozar de tamanha condescendência.
Defende-se o clube como se defende a própria vida. A humilhação do clube é sinónimo da humilhação do “eu”...
(aliás, poderá alguém estabelecer a linha que separa o “eu” do clube?)
Pode-se trocar de carro, de casa, de família, de nome e, até, de personalidade... nunca se troca de clube!!!
E, no entanto, a frieza da realidade diz-nos que estamos tão só no plano do lúdico... do passatempo... tudo não passa de uma sucessão de... jogos!
Quero dizer, perder este ou ganhar aquele, não altera em nada a qualidade de vida das pessoas... nem mesmo dos seus adeptos!
Ainda assim, quando “o” clube ganha é a completa esteria... é a alegria materializada que se derrama esbanjadamente nas ruas ...
... Fantástico!


E a Política? Pela lógica, esta é que deveria ser como o futebol. Por questões de princípio e coerência, um Socialista deveria poder dizer-se Socialista toda a vida. Quem abraça a Social-democracia como melhor modelo político e social deveria poder “defendê-lo” ao longo da vida. E o mesmo para os outros partidos. Aqui, pela lógica, não deveria haver lugar para “vira-casacas”.
Mas como? Será possível?
Como é que pode, um Socialista, manter-se fiel quando o seu partido, contra todos os valor Humanistas que sempre defendeu, aplica um programa ostensivamente liberal?
Como é que fica a situação de um Social-democrata ou mesmo de um Popular, ao constatar a efícácia com que o PS aplica e concretiza aquilo que ele não conseguiu fazer passar de um mero e longínquo desiderato?

Será que a coerência está nos vira-casacas?

2 comentários:

Anónimo disse...

olha um bloquista. Ou melhor um alegrista.
As pessoas evoluem. Ainda defendes o modelo dos anos 60???? Aprende com a realidade. O PS continua a ser o único partido socialista em Portugal. Os outro são apendices.
O único partido português que pode ser comparado a um clube é o PSd . São sempre do PSD por muitas asneiras que façam. è um partido sem ideologia. Não é liberal, nem social democrata, nem centrista, nem popular .. não é nada

Blogexiste disse...

Vamos lá ver se consigo entender…
As coisas têm de evoluir e não se deve ficar a olhar para o passado por muito mérito que possa ter tido… certo?
Até aqui estamos de acordo!
Só não percebo é como é que esta linha de pensamento consegue integrar o Dr. Mário Soares, isto é: Soares representa o Futuro … é isso?
Não percebo!