quarta-feira, maio 31, 2006

O Faz de Contas

A avaliação dos professores na proposta de revisão do ECD aparece como algo particularmente objectivo parecendo assim que o processo é OBRIGATORIAMENTE transparente e blindado a subversões subjectivas. Dito por outras palavras, presume-se que a aplicação dos mecanismos previstos só podem conduzir a resultados unívocos e justos, sem manipulações para se promoverem os primos, lambe-botas, e cartões-rosa!
Basta percorrer os artigos 44.º e seguintes para se ficar com a sensação de que tudo é claro e objectivo. Esta avaliação “implica a utilização de instrumentos normalizados nos quais se incluirá a definição de cada um dos factores que integram” as várias componentes (art. 45.º, n.º 2); por outro lado, existe uma multiplicidade de itens e factores (art. 46.º) cuja apreciação é posteriormente “convertida” matematicamente numa escala de 1 a 10 (art. 47.º) , da qual, a média vai dizer se o professor é "Excelente", "Muito Bom", "Bom", "Regular" ou simplesmente "Insuficiente"!

Só que, tanta objectividade esbarra logo a seguir com o facto de ser a senhora ministra a dizer quantos "Excelentes" ou "Muito Bons" é que há nas escolas mesmo sem conhecer os professores envolvidos!
Por despacho conjunto do Ministro da Educação e do membro do Governo responsável pela Administração Pública são fixadas as percentagens máximas de atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente, por escola ou agrupamento de escolas” (art. 47, n.º 3).

Então vamos lá analisar o seguinte exemplo: se, depois da aplicação das fórmulas, se concluir que em determinada escola existem três professores qualificados de “Excelente” no ano em que a Senhora Ministra, decide que só deve haver dois, qual a solução aplicar? Faz-se o "Jogo das Cadeiras" para ver quem fica de pé?

É evidente que terão de ser alteradas e manipuladas as classificações de uma das vítimas, para se cumprir a ordem da tutela.
Ou seja, lá se vai a objectividade e transparência por água abaixo!


terça-feira, maio 30, 2006

RTP

A reportagem/debate levada a cabo pela RTP foi um momento de verdadeiro serviço público.
Destacou-se o profissionalismo do moderador que exerceu um papel verdadeiramente objectivo demonstrando estar preparado para o debate.
Destacou-se, também, a posição da Dr. Fátima Bonifácio que consegui desmontar a estratégia elitista que os sucessivos governos de direita, que estão no poder desde 2002, têm para o ensino público. Aliás, regista-se que esta coincide com aquela que este Blog tem vindo a defender desde o princípio a saber:
pretende-se implantar uma nova forma de elitismo na educação para que apenas certas e determinadas classes (de acesso restrito) possam ser as futuras classes dominantes.

Por fim, completamente lamentável foi a prestação do responsável político. Não apenas demagógico. Foi utilizador de um discurso gasto, desactualizado, plagiador onde se demonstra total e completa ignorância acerca dos assuntos em questão. Lamentável, portanto!

segunda-feira, maio 29, 2006

Será que...

...Confiávamos num sistema que valorizasse o mérito:

- dos juízes pelo número de absolvições que proferem?
- dos médicos pelo número de doentes que observam por dia?
- dos enfermeiros pelo número de vacinas que dão por mês?
- dos professores pelo número de positivas que dão no final do ano?
- dos engenheiros pelo número de projectos que acompanham anualmente?
- dos motoristas pelo número de quilómetros que fazem diariamente?
- dos cozinheiros pelo número de refeições que servem diariamente?

(...)

- dos políticos pelo número de intervenções (estúpidas, incluídas) que fazem anualmente na Assembleia?
- dos governantes pelo número de medidas (estúpidas, incluídas) que tomam durante a legislatura?


sábado, maio 27, 2006

Afinal... é pior que mal!

"Na avaliação efectuada [aos professores] pela direcção executiva são ponderados, em função de dados estatísticos disponíveis, os seguintes indicadores de classificação:
(...)
b) Resultados escolares dos alunos;
c) Taxas de abandono escolar;
(...)

h) Apreciação realizada pelos pais e encarregados dos alunos que integram a turma leccionada, em relação à actividade lectiva do docentes.


Sem comentários!
Apenas salientar a expressão "dados estatísticos disponíveis". Será o quê? Os resultados das provas de aferição?... Dos Exames?... sabendo que no caso das primeiras os alunos podem simplesmente não fazer nada que daí não resulta qualquer consequência para o seu resultado escolar?
Por outro lado esses resultados não são também o produto de múltiplos factores a começar pelo meio socio-económico e cultural onde a escola se encontra inserida?



"Por despacho conjunto do Ministro da Educação e do membro do Governo responsável pela Administração Pública são fixadas as percentagens máximas de atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente, por escola ou agrupamento de escolas".


Dito de outra forma, a Escolas estão proibidas de promover a Excelência junto dos seus membros.
Se, por hipótese, uma escola tiver um corpo docente Muito Bom ou até mesmo Excelente o seu Director/Presidente deve começar a pedir-lhes que sejam um bocadinho mais medíocres. É que o número de Excelentes definido pelo Ministério da Educação pode ser inferior à realidade da Escola. E depois? Como é que se atribui a classificação? Moeda ao Ar?

Bem mal!


De acordo com notícias veiculadas hoje (Sábado) os pais vão passar a avaliar os professores.

Óptimo. Até que enfim!
Resolve-se de vez o problema de “chamar” os pais à escola. Envolvê-los na vida da escola.
A partir de agora, e por força desta alteração, os pais vão ser obrigados a estar na escola.
Para avaliarem, pois claro. Sim porque presume-se que se avalia aquilo que se conhece, certo?
Ou será que a coisa se basta com o conhecimento do que o aluno conta em casa?... ou as notas?... talvez a opinião das vizinhas?... o “diz que disse”?...
É que se a medida avança sem que se obriguem os pais a ter um conhecimento directo (e activo) da escola, então estamos perante o mais velhaco e medíocre populismo capaz de envergonhar a direita portuguesa.

Sim, porque não está aqui em causa a quotidiana incompetência exibida pela senhora ministra. Ou da dos seus secretários de estado a começar pelo doutor Valter.
Trata-se, como tenho defendido, de medidas deliberadas e conscientes no sentido de fragilizar ainda mais o sistema de ensino português alinhando-o pelas máximas salazaristas de reservar o acesso à educação apenas às elites.

Já disse várias vezes: se, ao sistema educativo, fosse dada liberdade para ensinar de verdade,... de modo a que a população não se deixasse enganar por agências de propaganda,... e o espírito crítico colectivo não se limitasse a repetir a opinião dos Marcelos Domingos de Sousa...
...então estes senhores governantes (actuais e passados) já tinham sido corridos do panorama nacional.

Tenho dito!

Está tudo aqui. Aconselha-se, em particular, uma leitura aos art. 45.º e seguintes.

sexta-feira, maio 26, 2006

Mal!


A pessoa vai ao médico. Ele manda fazer análises e pronto, pagam-se os 75 euros da consulta. Está certo.
Já com os resultados na mão (e depois de ver que os valores estão dentro dos padrões referenciais) a pessoa vai, por uma questão de delicadeza e cortesia, mostrar os resultados ao senhor doutor. Demora cinco minutos na "consulta" e depois, volta a pagar outros 75 euros (!!!).

A pessoa vai ao médico por causa das alergias sazonais e pronto, paga os 75 euros da consulta. Está certo.
Uma semana depois tem de voltar ao consultório para alterar a medicação por causa de um conjunto de efeitos secundários. Demora cinco minutos na "consulta" e depois, com a nova receita na mão, volta a pagar outros 75 euros (!!!).

Pergunto: é impressão minha ou até as putas* têm mais pudor a pedir dinheiro? Osga-se!

* considerando que já passa das 23 horas já se pode usar esta linguagem... ou não?

Bem!


A nova política do medicamento anunciada hoje pelo senhor primeiro-ministro parece bastante acertada. Só peca por ser tímida e tardia. Em todo caso esteve bem o governo.
Será que estamos perante um novo ciclo governativo? Será que José Sócrates decidiu finalmente começar a governar bem e para todos os portugueses?
Era bom! Era muito bom mesmo.

domingo, maio 21, 2006

GandaNoia


Pronto...
acabou.
Já pode ir para casa.
Para já, o partido aceitou fingir que está unido.
Continua com um problema, porém: encontrar um caminho alternativo, uma vez que Sócrates lhe ocupou o tradicional espaço de manobra.
É caso para dizer: GandaGalo!

sexta-feira, maio 19, 2006

Estão a mais.


Falta de pontualidade aqui no sítio, bem sei. Eu expico:

Na semana passada, fui à farmácia comprar a pasta de dentes e o senhor farmacêutico, simpaticamente, ofereceu-se para me fazer uns testes à massa muscular e mais não sei o quê. Balança electrónica para um lado, apertar um aparelhómetro marca «omeron» para o outro, contas para cá, régua de conversão para lá...
...e lá saiu o veredicto: estou gordo. Qualquer coisa como 14 quilinhos a mais! (diga-se de passagem que já não me lembro de ter tido 14 quilos a menos!!!!)
Refeito do choque, lá comprei os comprimidinhos Reductor (que, por sinal, ainda não tive – nem vou ter - coragem para tomar) e vai de andar de bicicleta para trás e para a frente como se procurasse o peso ideal perdido algures no percurso do tempo.
À noite, dedico-me à marcha – com pompa e circunstância, pois então – aproveitando a companhia anónima de não-sei-quantos cidadãos (e principalmente cidadãs) que pontualmente cumprem as obrigações ditadas pela onda do momento.

E ali ando eu. Para trás e para a frente... para trás e para a frente...

Se não resultar... fico furioso. Vou à farmácia e devolvo os comprimidos todos... todinhos!

sábado, maio 13, 2006

...por exemplo!


O estádio Cidade de Coimbra, por exemplo, enche quatro vezes por ano: quando a Académica joga em casa com o SLB, com o SCP, com o FCP, e também no último jogo da época quando está em causa a descida, ou não, à segunda divisão.
Nos restantes jogos lá consegue a proeza de juntar cerca de 300 amigos de quinze em quinze dias. Feitas as contas dá uma média anual de utilização de 14 pessoas por dia.

O estádio Cidade de Coimbra, por exemplo, tem despesas de manutenção que ultrapassam bastante os 2 100 000 euros anuais. Cerca de 5 700 euros por dia. Ou seja, 5 700 euros para servir 14 amantes da Académica, algo que ronda os 400 euros por pessoa/dia.

Se Laurentino Dias se chamasse Correia de Campos o estádio Cidade de Coimbra seria encerrado e a Académica passava a jogar em Fuentes de Oñor... por exemplo!


Vale mais selo... que «para-selo»

O caso Afinsa está a ser tratado pelas autoridades – desta vez as espanholas – com a mesma subtileza que um elefante trata uma loja de cristais. Até à semana passada, quem entrasse num espaço Afinsa respirava sucesso... ele era o luxo dos sofás, da decoração, dos engravatados e engavetados folhetos que surgiam oportunamente no compasso certo daquela orquestração argumentativa a inspirar, expirar, respirar e transpirar confiança.
Entre aumentativos e outros que tais, surgia invariavelmente os pareceres emitidos por organismos credíveis...
...surgia naturalmente o clássico argumento “se tudo isto não fosse «sério» acha que as autoridades nos deixavam actuar com esta liberdade?

De facto!

No meu caso concreto, valeu-me a rural filosofia que manda desconfiar da “galinha gorda por pouco dinheiro...”.
Em todo caso fica a pergunta: porquê só agora? Era necessário este estardalhaço todo? Não havia outra forma de lidar com a situação de modo a minimizar os prejuízos dos mais pequenos?
Lá, como cá, também há destas coisas. Lá, como cá, também se comem mexilhões!


Nota: Os espanhóis são, como sempre, exagerados! Chamam a isto uma Mega-fraude!
Que diriam então se tivessem um governo dito “de esquerda” a aplicar políticas de puro liberalismo selvagem...

quarta-feira, maio 10, 2006

SeMentes.

O Ministro da Saúde resolveu não acatar uma providência cautelar decretada por um tribunal porque, alegadamente, existem razões prementes de Saúde Pública
Das duas uma: ou o Ministro mente ou o Ministro não mente.
Se mente, a situação é grave pelas razões óbvias que me escuso a comentar.
Se não mente – e considerando que não houve recentemente qualquer alteração substancial dos factos – então o Estado deve ser processado por omissão de actuação.

Como não acredito que o Estado venha a ser processado por coisa nenhuma, sou levado a concluir que o Senhor Ministro efectiva mente mente... se mente!

Sempre

O destaque dado ao post anterior é a minha forma de afirmar

25 de Abril, sempre!

(boa desculpa, hein!)