quarta-feira, novembro 20, 2013

PSD








Acho curioso o atual nome do PSD: Partido Social Democrata.

Ou melhor, acho curioso o nome do atual PSD (dito assim está melhor).

Sim porque o PSD já foi, em tempos, um Partido Social Democrata. Hoje, o cinismo é tanto que até o nome soa a cínico. Vejamos.

D de Democrata. Um "partido" que viola sistematicamente a Constituição e não respeita o respetivo Tribunal (Constitucional) pode ser muita coisa: Partido Nacionalista; Partido Anarquista; Partido da Extrema Direita. Até pode ser um Partido da Extrema Esquerda.
Pode, de facto, ser muita coisa. Não pode, não é, certamente, um Partido Democrata.
Temos pena mas não... não cabe aqui.
Ou melhor, cabe se no caso, "Democrata" for a componente cínica da coisa;

S de Social. Beeeemmmm, aqui então a coisa é pior.
Os velhos não têm consultas; não têm remédios; os doentes pagam bué pelos medicamentos "comparticipados"; os alunos com necessidades especiais perderam os apoios; as mães e os pais perderam a proteção para ficarem com os seus filhos quando estes estão doentes;...
... os colégios privados viram aumentados sem reservas e sem critérios os apoios e as comparticipações e os dinheiros que antes serviam para proteger velhos, os doentes as crianças e os pais.
Sociais????!!!!!!   Não... não brinquem comigo. Até porque brincar, neste âmbito significa brincar com vidas humanas... brincar com aquilo que causa sofrimento.
Não! Aqui, a coisa é séria, demasiado séria para  se fazer qualquer piada.

P de Partido. Hummmmmm   ná! Também não.
Partido significa ter uma ideologia, boa ou má, concordante ou discordante, mas... ainda assim, uma ideologia. Isto não. Isto não respeita nada nem ninguém. Isto é selvajaria. Nada Mais.

Como tal não é um Partido. É, sim, uma Organização. E então? Não há mal nenhum nisso. Apenas uma classificação. Uma clarificação. Não, não  é Partido, é Organização.

Há várias na Europa e ninguém parece ter problemas com isso. A Espanha tem; a Irlanda tem; a Itália tem várias.
E, que se conste, esses países não se sentem menorizados com isso. Tratam o assunto como ele deve ser tratado. Só isso.
Sim, a Espanha tem a ETA;
A Irlanda tem o IRA;
A Itália tem a máfia, a camorra e a cosa nostra.
A diferença é que, ao terem coragem de assumir estas organizações, estes Países criaram mecanismo para não se deixarem apoderar por elas. Criaram mesmo mecanismos para as combater.
Portugal ao optar por eufemismos... prontsss deu nisto.

domingo, novembro 17, 2013

mATEMÁTICA (de agora)


O ministro Crato tem-se esforçado por entrar para a história como o pior ministro de todos os tempos. Objectivo difícil, reconheça-se, na medida em que sucede a Maria de Lurdes Rodrigues (Isabel Alçada não conta) essa sim, a pior ministra de todos os tempos.

Ora, para quem, como eu, não aprecia os “piores ministros de todos os tempos” Crato até pode vir eventualmente a redimir-se se levar a bom porto a tarefa (difícil, é claro) de revogar os atuais programas de matemática.

(Opsss, olhem só o que eu fui dizer: matemática. Matéria absolutamente tabu e inquestionavelmente arredada da discussão pública tal a sapiência dos ditos… os matemáticos).
Pois é. A actual matemática interessa a todos:

professores,
pais,
alunos,
país…

Sim, a actual matemática chamou a si a “nobre” função segregadora, o “nobre” desígnio de reprodutora das assimetrias sociais. Nesta medida o actual programa de matemática interessa a todos.

Interessa aos "professores" na medida em que desde cedo começa a estigmatizar (e, como tal, a afastar) as crianças que, com as respectivas evidências objectivas – sim, a matemática é coisa de objectivos – acabam por se mentalizar que não têm cabecinha para os estudos.

Interessa aos "pais" porque assim o próprio caminho encarrega-se afastar do caminho tantos e tantos concorrentes que a democraticidade do ensino punha em em pé de igualdade com os seus filhos.

Interessa aos "alunos" porque com a matemática de hoje não se tem dificuldade desde que o explicador explique bem nas sessões de explicação pagas a peso de ouro.

Interessa ao país porque, quanto mais cedo conseguir afastar os pobre e pô-los a trabalhar nas obras, melhor: o Estado não tem tempo nem dinheiro a perder com estes (que por vezes até têm o atrevimento de se auto-apelidarem de "alunos").

Lamentavelmente e ironias à parte todos sabemos que,  nem uns nem outros, ganham com esta miséria que se está a passar nas nossas escolas. Pelo contrário: todos perdem. 

Os professores porque, ao aderirem acriticamente a este processo de segregação civilizacional estão a hipotecar a sua consciência e ética social.

Os pais (todos os pais) porque sujeitam os seus filhos a processos e acções completamente desajustadas do seu estado de desenvolvimento e maturidade e que acabarão por se revelar absolutamente traumáticas e com consequência devastadoras. 

Os alunos porque são eles, em primeira linha, as vítimas destas “brincadeiras” de mau gosto. 

O país porque colectivamente vai arrasar uma geração de gente válida para favorecer meia dúzia de adolescentes mimados que acabarão por ter sucesso na vida apenas porque têm pais com posses para pagarem a peso de ouro as explicações que nem todos têm acesso.

O que se passa actualmente no ensino, em particular com os programas das disciplinas ditas nucleares, é absolutamente criminoso. O silêncio que impera sobre isto (imposto por uma força de arrogância disfarçada de intelectualidade absoluta) é avassalador. É urgente denunciar tudo isto para que, tão cedo quanto possível possamos poupar as nossas crianças a estes crimes políticos.

Se Crato tiver coragem para pôr um ponto final a tudo isto, voltando ao antigo programa de Matemática (esta, sim, escrita com letra maiúscula), poderá ter oportunidade com ter feito pelo menos algo positivo.



Finalmente tenho de deixar uma crítica feroz às associações (ou colégios ou ordens ou lá o que é que há sobre isto) de psicólogos que se mantêm em silêncio e não denunciam a inadequabilidade de matérias face ao estádio de desenvolvimento/maturidade dos alunos.