quinta-feira, outubro 11, 2007

Joana

Acabei de ver Paulo Pereira Cristóvão, o investigador que acompanhou o caso Joana, na Grande Entrevista com Judite de Sousa.
Pelo menos posso dizer que considerei de certa forma, algo esclarecedor: fiquei mais convencido que Joana pode estar viva e que toda a história foi magnificamente arquitectada pela PJ.
Não percebi quem é que encheu a mãe da cachopa de porrada para ela confessar o crime.

domingo, outubro 07, 2007

Ainda ela, Madeleine

Na verdade, devo ser o único português que não acredita, mas nem um bocadinho, nesta história. Na história apresentada pela PJ é claro!
Há, de facto, muitas incoerências, concordo, mas não é tanto na história dos McCann mas sim na historieta que nos «vender» a PJ.

Pois bem, o que vejo eu então? Vejo uma instituição portuguesa que, tal como tantas outras, não admite (até porque não está habituada) ser criticada. Quando o é, passa ao ataque e arrasa tudo e todos os que têm o atrevimento, de fazer lhe frente.
(Não é, aliás, caso único. O mesmo acontece, por exemplo, com os tribunais. Veja-se o caso da Esmeralda. Ousaram mandar umas bocas aos Senhores Juízes, pois esperem lá que já vão ver...)
No caso McCann, a PJ viu-se pela primeira vez, sem contar, a investigar com os seus métodos, atitude e ritmo de trabalho – algo que serve muito bem para Portugal e para os pouco exigentes portugueses – um caso com uma notoriedade global. E isso foi “culpa” – segundo a PJ – dos McCann. (Algo, aliás, que nunca lhes foi perdoado!)
Ora, tal visibilidade acabaria por denunciar a incompetência intrínseca da Instituição.
E isso, é considerado inadmissível porque abala as estruturas da democracia... é inadmissível para polícias e ladrões pois é susceptível de alterar a tranquilidade de ambos; é insuportável para políticos porque podem ser responsabilizados por isso; é insuportável para a população em geral porque pode ser obrigada a confrontar-se com a dura realidade em vez de a escamotear (os psicólogos explicam esta parte melhor do que eu).
Daí que bastou apenas escolher a estratégia: do ponto de vista da substância, havia de se reactivar o caso Joana com a tese dos pais como autores do crime. Afinal, se a explicação tinha resultado no passado, havia de resultar outra vez; do ponto de vista das metodologias, nada melhor do que transformar a coisa num «Portugal – Inglaterra». É que os Portugueses são os primeiros a intuir as fraquezas das suas instituições... são os primeiros a criticá-las e a queixarem-se fortemente das suas ineficácias. São os primeiros a falar mal das polícias, dos tribunais, dos hospitais, etc. Porém, não admitem, nem por um segundo, que os estrangeiros ousem criticá-los. Numa atitude francamente parola, unem-se para defenderem as suas instituições como se defendessem a honra familiar.
Sabendo isto, nada melhor então do que umas quantas fugas de informação estrategicamente colocadas (apenas a polícia tinha acesso a elas o que não deixa de ser significativo...) nos órgãos de informação ajudados por uns quantos comentadores supostamente imparciais (piu) que diariamente em rádios, televisões e jornais, vêm, numa atitude corporativa de defesa dos antigos colegas de profissão, dar voz à tese proposta pela PJ.
Tudo isto resulta numa estratégia fantasticamente afinada e perfeitamente articulada.

Quem dera que em vez de perder tempo com esta vingançazinha mesquinha a polícia tivesse optado por investigar...
Quem dera que os portugueses, em vez de perderem tempo a repetir como sua a história proposta pela PJ tivessem exigido mais e maior competência...
Quem dera que se continuasse à procura de Madeleine...
E já agora, depois de tudo isto, quem dera que se continuasse à procura de Joana!
Sim, porque eu já não acredito em nada... pelo menos em nada que seja contado pela PJ!!!